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Secretaria vai investigar se fundos lavam dinheiro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Secretaria de Previdência
Complementar pediu ajuda ao
Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras) na investigação de lavagem de dinheiro,
crimes contra o sistema financeiro e corrupção envolvendo fundos de pensão.
O Coaf é o braço do Ministério
da Fazenda responsável pela apuração de casos ligados a dinheiro
sujo.
Segundo o secretário de Previdência Complementar, José Roberto Savóia, existem indícios de
que alguns fundos vinham realizando operações ilegais desse gênero.
Caso concreto
O secretário e a "xerife do dinheiro sujo", como é conhecida a
presidente do Coaf, Adrienne
Senna, já têm um caso concreto
nas mãos: o Portus, Instituto de
Seguridade Social -fundo de
pensão dos funcionários da Companhia Docas Brasileiras.
A suspeita é que a entidade
comprou ações de uma empresa
de fachada, em uma operação
fraudulenta, para desviar recursos. A secretaria não revela o nome da empresa e a operação que
será investigada.
O Portus está sob intervenção
branca do Ministério da Previdência Social desde julho. O fundo tem um patrimônio de R$
704,9 milhões em ativos e conta
com 26.806 associados.
Sem reservas
O Portus apresenta insuficiência de reservas para pagar benefícios futuros estimada em R$ 20
milhões.
Outros R$ 10,8 milhões em contribuições atrasadas foram verificados, além de R$ 102 milhões de
dívidas contratadas e com parcelas sem pagamento.
A extinta Portobrás acumula dívida de R$ 65,9 milhões com o
fundo. As irregularidades encontradas no Portus incluíam ainda a
supervalorização de ativos, enquanto o total das dívidas era subestimado.
A diretoria da entidade foi afastada e uma nova, nomeada. A
Previdência Social ainda indicou
um administrador especial para
acompanhar a diretoria.
"Onde existe suspeição de lavagem de dinheiro, corrupção e crime financeiro, levamos o caso ao
Coaf. Os fundos precisam estar
atentos à ação de grupos organizados", disse o secretário em entrevista à Folha.
Mudanças
Ele relatou que a secretaria passa por uma ampla reestruturação
na área de fiscalização, o que levará quatro meses. O grupo atual de
24 fiscais ganhará um reforço de
oito novos profissionais.
O modelo de fiscalização também será reformulado. A intenção é dar mais racionalidade ao
processo como a área vinha
atuando.
"Vamos criar um sistema de
controle que, a partir de informações dos fundos, nos permitirá
detectar algo que seja fora do comum", disse o secretário.
Com base nesses dados, a fiscalização sairá a campo para verificar as possíveis irregularidades.
Sistema semelhante já existe no
Banco Central. "Será algo parecido. Lá levou um ano para ser implementado. Queremos fazer isso
até março ou abril", disse Savóia.
Outro lado
Na sexta-feira, a Folha tentou
ouvir a diretoria do Portus sobre o
assunto, mas não houve expediente na entidade.
Os dados sobre os problemas
atuariais do fundo são da Secretaria de Previdência Complementar, que recebeu as informações
do administrador especial (interventor) nomeado para o Portus,
Francisco Becker Dias.
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