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"ENTREPOSTO COMERCIAL"
Disputa entre governos federal e estadual e permissionários trava discussões para desafogar mercado
Entalado, Ceagesp pode ir para o Rodoanel
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado de São
Paulo quer transferir a Ceagesp
para uma área de um milhão de
metros quadrados situada no primeiro trecho do Rodoanel -entre as rodovias Régis Bittencourt e
Raposo Tavares (SP).
Os negócios no entreposto chegaram a tal tamanho que o local já
não comporta mais as 50 mil pessoas que diariamente circulam
por lá. O número de veículos chega a 17.500 em dias de pico, como
às sextas-feiras.
"As atuais instalações estão no
seu limite. O local está ultrapassado porque não há logística para o
transporte. Foi projetado nos
anos 60. A central já não suporta
mais o trânsito da região", afirma
o secretário estadual de Agricultura de São Paulo, João Carlos de
Souza Meirelles.
A proposta é criar um novo
mercado, mais moderno e informatizado, unindo a comercialização e a distribuição feitas atualmente na Ceagesp e na região cerealista do centro da cidade. "É
necessário um local que tenha
pontos de eletricidade para abastecer caminhões refrigerados. O
espaço físico do mercado foi programado para receber caminhões
pequenos, não carretas."
De acordo com o secretário, a
idéia é construir o novo centro
com o apoio dos atuais permissionários (comerciantes que têm
permissão para trabalhar na Ceagesp). "Em vez de locatários, eles
seriam proprietários, sócios da
nova central. A compra poderia
ser feita, no caso de quem não tiver recursos, com financiamento
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social). O governo de Estado só
vai viabilizar a construção."
Meirelles prevê que o projeto seja finalizado no início de 2002. Em
seguida, será aberto o processo de
licitação pública para os sócios se
inscreverem na central. A previsão é que a construção seja finalizada em 2003.
"Não sei de nada"
O gerente da Ceagesp José Roberto Graziano diz, entretanto,
que desconhece o projeto. "É
muito estranho que quem mais
entende do assunto não seja sequer consultado. Nossa experiência não é nada desprezível. Desconheço o projeto. Essa área é do governo federal não está vinculada
ao Estado."
Segundo Graziano, o presidente
do conselho administrativo da
Ceagesp, Márcio Fortes e também
secretário executivo do Ministério da Agricultura, não tem conhecimento do projeto.
O secretário estadual afirma,
por sua vez, que as discussões estão sendo feitas com os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento, em Brasília.
Procurado pela Folha, o ministério da Agricultura informou,
por meio da sua assessoria de imprensa, que existe uma proposta
de mudança da central, mas que o
projeto ainda não chegou ao órgão federal.
Contra a mudança
A Folha apurou que os comerciantes que trabalham no entreposto não estão satisfeitos com o
processo de privatização da empresa. O que eles dizem é que não
foram ouvidos até agora sobre a
possibilidade de mudança do
mercado. O que eles querem é ter
a oportunidade de comprar o
ponto comercial antes de qualquer outra empresa.
"Não somos contra a mudança.
Mas temos direito a um fundo de
comércio. Os comerciantes é que
criaram esses pontos. Quando
nós chegamos aqui, não havia
nem energia elétrica", afirma o
presidente do sindicato dos permissionários, Cláudio Ambrósio.
(CR e FF)
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