São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2001

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"ENTREPOSTO COMERCIAL"

Disputa entre governos federal e estadual e permissionários trava discussões para desafogar mercado

Entalado, Ceagesp pode ir para o Rodoanel

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo do Estado de São Paulo quer transferir a Ceagesp para uma área de um milhão de metros quadrados situada no primeiro trecho do Rodoanel -entre as rodovias Régis Bittencourt e Raposo Tavares (SP).
Os negócios no entreposto chegaram a tal tamanho que o local já não comporta mais as 50 mil pessoas que diariamente circulam por lá. O número de veículos chega a 17.500 em dias de pico, como às sextas-feiras.
"As atuais instalações estão no seu limite. O local está ultrapassado porque não há logística para o transporte. Foi projetado nos anos 60. A central já não suporta mais o trânsito da região", afirma o secretário estadual de Agricultura de São Paulo, João Carlos de Souza Meirelles.
A proposta é criar um novo mercado, mais moderno e informatizado, unindo a comercialização e a distribuição feitas atualmente na Ceagesp e na região cerealista do centro da cidade. "É necessário um local que tenha pontos de eletricidade para abastecer caminhões refrigerados. O espaço físico do mercado foi programado para receber caminhões pequenos, não carretas."
De acordo com o secretário, a idéia é construir o novo centro com o apoio dos atuais permissionários (comerciantes que têm permissão para trabalhar na Ceagesp). "Em vez de locatários, eles seriam proprietários, sócios da nova central. A compra poderia ser feita, no caso de quem não tiver recursos, com financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O governo de Estado só vai viabilizar a construção."
Meirelles prevê que o projeto seja finalizado no início de 2002. Em seguida, será aberto o processo de licitação pública para os sócios se inscreverem na central. A previsão é que a construção seja finalizada em 2003.

"Não sei de nada"
O gerente da Ceagesp José Roberto Graziano diz, entretanto, que desconhece o projeto. "É muito estranho que quem mais entende do assunto não seja sequer consultado. Nossa experiência não é nada desprezível. Desconheço o projeto. Essa área é do governo federal não está vinculada ao Estado."
Segundo Graziano, o presidente do conselho administrativo da Ceagesp, Márcio Fortes e também secretário executivo do Ministério da Agricultura, não tem conhecimento do projeto.
O secretário estadual afirma, por sua vez, que as discussões estão sendo feitas com os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento, em Brasília.
Procurado pela Folha, o ministério da Agricultura informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que existe uma proposta de mudança da central, mas que o projeto ainda não chegou ao órgão federal.

Contra a mudança
A Folha apurou que os comerciantes que trabalham no entreposto não estão satisfeitos com o processo de privatização da empresa. O que eles dizem é que não foram ouvidos até agora sobre a possibilidade de mudança do mercado. O que eles querem é ter a oportunidade de comprar o ponto comercial antes de qualquer outra empresa.
"Não somos contra a mudança. Mas temos direito a um fundo de comércio. Os comerciantes é que criaram esses pontos. Quando nós chegamos aqui, não havia nem energia elétrica", afirma o presidente do sindicato dos permissionários, Cláudio Ambrósio. (CR e FF)


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