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MERCADO FINANCEIRO
Analistas prevêem que o Copom poderá elevar a Selic entre 0,25 ponto e dois pontos percentuais
Juros e rolagem de dívida dominam semana
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Copom e dívida pública devem
monopolizar, nos próximos dias,
as atenções do mercado, que segue ansioso por conhecer a futura
equipe econômica.
Analistas do mercado financeiro saíram para o feriado de sexta-feira divididos quanto à possibilidade de aumento dos juros na
próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para amanhã e quarta-feira.
Dentre os economistas que defendem a elevação da taxa básica
de juros, a Selic, a maioria afirma
acreditar em alta de um ponto
percentual. Mas as apostas variam de 0,25 ponto a dois pontos
percentuais. Seria, segundo eles, a
resposta necessária a índices de
inflação piores do que o mercado
esperava.
"Com o dólar nesse nível (R$
3,685) e os juros a 21%, a inflação
no ano que vem será de 10%. Já há
especulação com estoques, raramente vista em períodos de demanda fraca", diz Pedro Thomazoni, do Lloyds TSB.
Segundo o executivo, empresários, à espera de um gordo Natal,
começaram a fazer estoques, pensando em subir seus preços.
"Os juros teriam efeito mais sobre a expectativa, de modo a inibir essa especulação, que ainda é
tímida, mas já começou", diz.
Para outra parcela de analistas,
seria um erro elevar os juros porque a inflação teria subido em decorrência da pressão cambial.
"Juros só funcionam se há inflação de demanda", diz Luiz Ribeiro, do ABN.
Outro executivo discorda: o aumento dos índices de inflação indicaria alta generalizada de preços e não apenas em setores que
dependem do câmbio diretamente. Juros mais altos engessariam o
repasse do aumento de custos.
Dívida cambial
O mercado tomou um susto na
semana passada. Esperava um
vencimento da dívida pública
atrelada ao dólar mais tranquilo
do que os anteriores por causa da
queda do câmbio, e se surpreendeu com a difícil rolagem.
O efeito positivo da queda do
câmbio registrada desde as vésperas do segundo turno das eleições
já foi eliminado. O dólar acumula
alta de 1,34% no mês.
Alguns analistas dizem que
bancos e corretoras podem novamente ser pegos no contrapé.
"Pode ocorrer o contrário nesta
semana e a rolagem ser mais tranquila do que se espera. Mas isso
depende também de melhora do
cenário externo", diz Ribeiro.
A boa recepção ao leilão de contratos de "swap" cambial, em que
o Banco Central rolou 44,1% dos
US$ 2,4 bilhões de títulos que vencem na quarta-feira, reforça essa
possibilidade. A autoridade monetária, porém, pagou taxas altas,
de 35% a 40% ao ano.
CSN
Apesar do prejuízo de R$ 169,5
milhões no terceiro trimestre deste ano, analistas afirmaram que o
resultado operacional da CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional) foi satisfatório. As margens
vieram maiores do que o esperado, com alta das exportações e do
volume. O endividamento caiu.
"A fusão com a Corus [grupo
anglo-holandês" não era tão importante para a CSN, como mostra a reação do mercado", diz Ribeiro. CSN ON subiu 8,47% no
dia seguinte ao anúncio de que a
tentativa de fusão fracassara.
Vale do Rio Doce
A Vale do Rio Doce teve prejuízo (R$ 216 milhões no terceiro trimestre) pela primeira vez desde a
privatização. Cerca de 95% das dívidas da empresa são em dólar.
"Continua sendo uma ótima
empresa, cujo preço (R$ 84,21),
por ser uma grande exportadora,
não reflete o dólar a R$ 3,68", afirma Thomazoni.
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