São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Analistas prevêem que o Copom poderá elevar a Selic entre 0,25 ponto e dois pontos percentuais

Juros e rolagem de dívida dominam semana

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Copom e dívida pública devem monopolizar, nos próximos dias, as atenções do mercado, que segue ansioso por conhecer a futura equipe econômica.
Analistas do mercado financeiro saíram para o feriado de sexta-feira divididos quanto à possibilidade de aumento dos juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para amanhã e quarta-feira.
Dentre os economistas que defendem a elevação da taxa básica de juros, a Selic, a maioria afirma acreditar em alta de um ponto percentual. Mas as apostas variam de 0,25 ponto a dois pontos percentuais. Seria, segundo eles, a resposta necessária a índices de inflação piores do que o mercado esperava.
"Com o dólar nesse nível (R$ 3,685) e os juros a 21%, a inflação no ano que vem será de 10%. Já há especulação com estoques, raramente vista em períodos de demanda fraca", diz Pedro Thomazoni, do Lloyds TSB.
Segundo o executivo, empresários, à espera de um gordo Natal, começaram a fazer estoques, pensando em subir seus preços.
"Os juros teriam efeito mais sobre a expectativa, de modo a inibir essa especulação, que ainda é tímida, mas já começou", diz.
Para outra parcela de analistas, seria um erro elevar os juros porque a inflação teria subido em decorrência da pressão cambial.
"Juros só funcionam se há inflação de demanda", diz Luiz Ribeiro, do ABN.
Outro executivo discorda: o aumento dos índices de inflação indicaria alta generalizada de preços e não apenas em setores que dependem do câmbio diretamente. Juros mais altos engessariam o repasse do aumento de custos.

Dívida cambial
O mercado tomou um susto na semana passada. Esperava um vencimento da dívida pública atrelada ao dólar mais tranquilo do que os anteriores por causa da queda do câmbio, e se surpreendeu com a difícil rolagem.
O efeito positivo da queda do câmbio registrada desde as vésperas do segundo turno das eleições já foi eliminado. O dólar acumula alta de 1,34% no mês.
Alguns analistas dizem que bancos e corretoras podem novamente ser pegos no contrapé.
"Pode ocorrer o contrário nesta semana e a rolagem ser mais tranquila do que se espera. Mas isso depende também de melhora do cenário externo", diz Ribeiro.
A boa recepção ao leilão de contratos de "swap" cambial, em que o Banco Central rolou 44,1% dos US$ 2,4 bilhões de títulos que vencem na quarta-feira, reforça essa possibilidade. A autoridade monetária, porém, pagou taxas altas, de 35% a 40% ao ano.

CSN
Apesar do prejuízo de R$ 169,5 milhões no terceiro trimestre deste ano, analistas afirmaram que o resultado operacional da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) foi satisfatório. As margens vieram maiores do que o esperado, com alta das exportações e do volume. O endividamento caiu.
"A fusão com a Corus [grupo anglo-holandês" não era tão importante para a CSN, como mostra a reação do mercado", diz Ribeiro. CSN ON subiu 8,47% no dia seguinte ao anúncio de que a tentativa de fusão fracassara.

Vale do Rio Doce
A Vale do Rio Doce teve prejuízo (R$ 216 milhões no terceiro trimestre) pela primeira vez desde a privatização. Cerca de 95% das dívidas da empresa são em dólar.
"Continua sendo uma ótima empresa, cujo preço (R$ 84,21), por ser uma grande exportadora, não reflete o dólar a R$ 3,68", afirma Thomazoni.


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