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Samello busca recuperação judicial em SP
Com dívidas de R$ 53 milhões, empresa de Franca está há um mês sem matéria-prima para calçados
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Com dívidas de R$ 53 milhões, sem matéria-prima para
produzir calçados há um mês,
com as contas bloqueadas e
mais de 400 pedidos de demissão, a Samello, tradicional indústria calçadista de Franca
(400 km ao norte de SP), está
pleiteando a recuperação judicial, que, se aprovada, vai lhe
permitir reescalonar as dívidas.
Primeira indústria do pólo
calçadista de Franca a exportar,
ainda na década de 60, a Samello protocolou o pedido na 2ª
Vara Cível da cidade. A previsão
do advogado Daltro Borges, que
defende a empresa, é que o pedido seja julgado até segunda.
No pedido, a empresa aponta
que, entre os fatores que contribuíram para os prejuízos
operacionais, estão a concorrência chinesa e a "elevada
apreciação do real.
Os principais credores são
órgãos do governo federal (R$
17,2 milhões, dos quais R$ 8 milhões devidos ao BNDES).
Apesar de a dívida total atingir R$ 53 milhões, com R$ 5 milhões, segundo o setor, a empresa teria condições de voltar
a operar -os recursos pagariam os salários atrasados e as
dívidas consideradas urgentes
com os fornecedores.
O principal entrave hoje, segundo o advogado, é o bloqueio
das contas da indústria. Antes
de pedir a recuperação judicial,
a Samello tentou vender uma
fazenda avaliada em R$ 60 milhões, um terreno de R$ 3,5 milhões e até a produção agrícola
de uma área em Cristais Paulista (SP). Fracassou em todas as
tentativas. A empresa ainda
tentou obter empréstimo com
um grupo financeiro.
"Quisemos a recuperação judicial para levar todos os problemas a um juiz só. Pedimos a
liberação das contas de imediato, para que a empresa volte a
operar", disse Borges.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados
de Franca, Jorge Félix Donadelli, se aprovada, a recuperação
judicial salvaria a empresa. "A
medida é inteligente."
Com a esperança de fazer a
fábrica voltar a funcionar, a Samello também tenta renegociar contratos que tem nos
EUA, principal destino dos calçados. Do total da produção,
70% se destinavam ao mercado
externo nos últimos anos.
Antes da crise, a Samello tinha 550 empregados e fazia
2.000 pares de calçados ao dia.
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