São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2006

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Samello busca recuperação judicial em SP

Com dívidas de R$ 53 milhões, empresa de Franca está há um mês sem matéria-prima para calçados

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Com dívidas de R$ 53 milhões, sem matéria-prima para produzir calçados há um mês, com as contas bloqueadas e mais de 400 pedidos de demissão, a Samello, tradicional indústria calçadista de Franca (400 km ao norte de SP), está pleiteando a recuperação judicial, que, se aprovada, vai lhe permitir reescalonar as dívidas.
Primeira indústria do pólo calçadista de Franca a exportar, ainda na década de 60, a Samello protocolou o pedido na 2ª Vara Cível da cidade. A previsão do advogado Daltro Borges, que defende a empresa, é que o pedido seja julgado até segunda. No pedido, a empresa aponta que, entre os fatores que contribuíram para os prejuízos operacionais, estão a concorrência chinesa e a "elevada apreciação do real.
Os principais credores são órgãos do governo federal (R$ 17,2 milhões, dos quais R$ 8 milhões devidos ao BNDES).
Apesar de a dívida total atingir R$ 53 milhões, com R$ 5 milhões, segundo o setor, a empresa teria condições de voltar a operar -os recursos pagariam os salários atrasados e as dívidas consideradas urgentes com os fornecedores.
O principal entrave hoje, segundo o advogado, é o bloqueio das contas da indústria. Antes de pedir a recuperação judicial, a Samello tentou vender uma fazenda avaliada em R$ 60 milhões, um terreno de R$ 3,5 milhões e até a produção agrícola de uma área em Cristais Paulista (SP). Fracassou em todas as tentativas. A empresa ainda tentou obter empréstimo com um grupo financeiro.
"Quisemos a recuperação judicial para levar todos os problemas a um juiz só. Pedimos a liberação das contas de imediato, para que a empresa volte a operar", disse Borges.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca, Jorge Félix Donadelli, se aprovada, a recuperação judicial salvaria a empresa. "A medida é inteligente."
Com a esperança de fazer a fábrica voltar a funcionar, a Samello também tenta renegociar contratos que tem nos EUA, principal destino dos calçados. Do total da produção, 70% se destinavam ao mercado externo nos últimos anos.
Antes da crise, a Samello tinha 550 empregados e fazia 2.000 pares de calçados ao dia.


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