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CSN oferece US$ 8 bi para levar a Corus
Proposta da empresa brasileira pela siderúrgica anglo-holandesa só vale após auditoria prévia, mas mercado reage mal
Empresas já tinham tentado fusão em 2002; com baixa de 4,25%, ação da CSN foi
a que mais caiu ontem durante pregão da Bovespa
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) quer comprar a
siderúrgica anglo-holandesa
Corus. Ontem, a empresa brasileira tornou pública uma oferta
de compra da concorrente
equivalente a 4,75 libras por
ação (US$ 8,99). Se a oferta for
aceita, o preço da aquisição poderá ultrapassar US$ 8 bilhões,
ou seja, R$ 17,3 bilhões.
O anúncio não foi bem recebido pelo mercado. A ação da
CSN foi a que mais caiu no pregão de ontem da Bovespa, tendo sido negociada com baixa de
4,25% (o Ibovespa subiu 0,3%).
O motivo, segundo analistas
consultados pela Folha, é que a
compra poderia deixar a CSN
com pouca margem de manobra financeira, uma vez que teria de fazer um alto desembolso pela Corus. "A CSN indicou
que pretende utilizar parte de
sua posição de caixa (de US$
1,4 bilhão em 30 de setembro
de 2006) e que não tem intenção de emitir ações para financiar a transação", afirmou a
Standard & Poor's em relatório
enviado a seus clientes.
O restante do dinheiro para a
compra, conforme a CSN, viria
de um empréstimo de bancos
como Barclays, Goldman Sachs
e BNP Paribas. "Em nenhum
momento estamos achando
que vamos expor a CSN a uma
alavancagem elevada e desnecessária", afirmou Benjamin
Steinbruch, diretor-presidente
da empresa.
Como argumento para a
compra, os analistas acreditam
na ampliação do leque de clientes da CSN, "na medida em que
seriam estabelecidos novos
mercados para o minério de
ferro [proveniente da mina Casa de Pedra] e para os produtos
siderúrgicos semi-elaborados
da companhia", como observou Bruno Rocha, da Tendências Consultoria.
Essa não é a primeira vez que
a CSN pensa em se unir à Corus. Em 2002, a brasileira tentou uma fusão com a britânica.
Não deu certo. Se a compra sair
agora, significará a criação de
outro gigante da siderurgia: seria criado um dos cinco maiores grupos siderúrgicos do
mundo, com faturamento
anual de US$ 25 bilhões.
Além disso, a operação CSN-Corus seria a segunda maior do
gênero, atrás somente da fusão
entre a indiana Mittal e a européia Arcelor, anunciada neste
ano e responsável pelo surgimento da maior siderúrgica do
mundo.
"Juntas, as empresas podem
aumentar de tamanho e elevar
muito a rentabilidade", disse
Steinbruch, que também é presidente do conselho de administração da empresa.
Outras siderúrgicas estão de
olho na Corus. A indiana Tata
Steel apresentou, no mês passado, uma oferta de compra de
4,55 libras por ação, que obteve
recomendação de "aceitação"
do conselho administrativo da
Corus.
O mercado não descarta que
as empresas possam travar
uma batalha pela aquisição da
Corus nem que outra companhia faça uma terceira oferta.
Hoje, as ações da Corus são negociadas em valores próximos
a 5 libras -ou seja, acima das
duas ofertas.
A Corus não é a única siderúrgica que interessa à CSN. A
siderúrgica brasileira tem feito
insistentes ofertas para a aquisição da americana Wheeling-Pittsburgh.
Segundo informações da
Reuters, dados preliminares
mostravam ontem que os acionistas da Wheeling-Pittsburgh
votaram pela aceitação da proposta da concorrente Esmark,
recusando assim a oferta da
CSN. A informação foi dada à
agência pelo principal executivo da empresa americana, James Bradley.
Colaborou a Folha Online
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