São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2006

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CSN oferece US$ 8 bi para levar a Corus

Proposta da empresa brasileira pela siderúrgica anglo-holandesa só vale após auditoria prévia, mas mercado reage mal

Empresas já tinham tentado fusão em 2002; com baixa de 4,25%, ação da CSN foi a que mais caiu ontem durante pregão da Bovespa

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) quer comprar a siderúrgica anglo-holandesa Corus. Ontem, a empresa brasileira tornou pública uma oferta de compra da concorrente equivalente a 4,75 libras por ação (US$ 8,99). Se a oferta for aceita, o preço da aquisição poderá ultrapassar US$ 8 bilhões, ou seja, R$ 17,3 bilhões.
O anúncio não foi bem recebido pelo mercado. A ação da CSN foi a que mais caiu no pregão de ontem da Bovespa, tendo sido negociada com baixa de 4,25% (o Ibovespa subiu 0,3%).
O motivo, segundo analistas consultados pela Folha, é que a compra poderia deixar a CSN com pouca margem de manobra financeira, uma vez que teria de fazer um alto desembolso pela Corus. "A CSN indicou que pretende utilizar parte de sua posição de caixa (de US$ 1,4 bilhão em 30 de setembro de 2006) e que não tem intenção de emitir ações para financiar a transação", afirmou a Standard & Poor's em relatório enviado a seus clientes.
O restante do dinheiro para a compra, conforme a CSN, viria de um empréstimo de bancos como Barclays, Goldman Sachs e BNP Paribas. "Em nenhum momento estamos achando que vamos expor a CSN a uma alavancagem elevada e desnecessária", afirmou Benjamin Steinbruch, diretor-presidente da empresa.
Como argumento para a compra, os analistas acreditam na ampliação do leque de clientes da CSN, "na medida em que seriam estabelecidos novos mercados para o minério de ferro [proveniente da mina Casa de Pedra] e para os produtos siderúrgicos semi-elaborados da companhia", como observou Bruno Rocha, da Tendências Consultoria.
Essa não é a primeira vez que a CSN pensa em se unir à Corus. Em 2002, a brasileira tentou uma fusão com a britânica. Não deu certo. Se a compra sair agora, significará a criação de outro gigante da siderurgia: seria criado um dos cinco maiores grupos siderúrgicos do mundo, com faturamento anual de US$ 25 bilhões.
Além disso, a operação CSN-Corus seria a segunda maior do gênero, atrás somente da fusão entre a indiana Mittal e a européia Arcelor, anunciada neste ano e responsável pelo surgimento da maior siderúrgica do mundo.
"Juntas, as empresas podem aumentar de tamanho e elevar muito a rentabilidade", disse Steinbruch, que também é presidente do conselho de administração da empresa.
Outras siderúrgicas estão de olho na Corus. A indiana Tata Steel apresentou, no mês passado, uma oferta de compra de 4,55 libras por ação, que obteve recomendação de "aceitação" do conselho administrativo da Corus.
O mercado não descarta que as empresas possam travar uma batalha pela aquisição da Corus nem que outra companhia faça uma terceira oferta. Hoje, as ações da Corus são negociadas em valores próximos a 5 libras -ou seja, acima das duas ofertas.
A Corus não é a única siderúrgica que interessa à CSN. A siderúrgica brasileira tem feito insistentes ofertas para a aquisição da americana Wheeling-Pittsburgh.
Segundo informações da Reuters, dados preliminares mostravam ontem que os acionistas da Wheeling-Pittsburgh votaram pela aceitação da proposta da concorrente Esmark, recusando assim a oferta da CSN. A informação foi dada à agência pelo principal executivo da empresa americana, James Bradley.


Colaborou a Folha Online


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