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Plantio de algodão deve cair 40% por conta da escassez de crédito
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Depois de uma redução de
10% na área plantada com soja,
a Famato (Federação da Agricultura de Mato Grosso) estima
queda de até 40% no plantio do
algodão, que começa em dezembro. A escassez do crédito,
de acordo com a entidade, acabou por reduzir ao mínimo a
capacidade de investimento
dos produtores.
O Estado de Mato Grosso
responde sozinho por cerca de
metade da produção de algodão
em pluma do país. A cultura é
quase integralmente financiada por operações de ACC
(Adiantamento de Contrato de
Câmbio), destinadas a exportadores e ancoradas em linhas externas que hoje se encontram
suspensas.
As regiões de Rondonópolis e
Sorriso, campeãs na produção
agrícola, são as mais afetadas
pela crise, mas toda a incipiente
agroindústria do Estado sofrerá os efeitos de uma provável
queda na produção.
"Para a soja, o prazo limite já
venceu, e a redução de 10% está
concretizada. No caso do algodão, resta pouco tempo para se
evitar um reflexo ainda mais
drástico", disse o presidente da
Famato, Rui Carlos Prado.
Uma eventual redução de
40% na área plantada, na avaliação do diretor-executivo da
Ampa (Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão), Décio Tocantins, seria
uma "tragédia". "A indústria
têxtil asiática conhece a nossa
pluma e tem suas máquinas
ajustadas às características do
produto. Se não tivermos produção suficiente, correremos o
risco de perder esses mercados", afirmou.
Custo de produção
Para o diretor-administrativo da Aprosoja (Associação dos
Produtores de Soja de Mato
Grosso), Ricardo Tomczyk, a
crise internacional chegou
quando os custos de produção
estavam em elevação.
"Em razão dos aumentos de
custo de produção, nós necessitamos hoje de 49% mais recursos para fazer o mesmo plantio.
A diferença, desta vez, é que
quase não há crédito", afirmou
Tomczyk.
Além das perdas em área
plantada, o setor estima queda
na produtividade, uma vez que
o nível de tecnologia empregada no plantio teve de ser adaptado aos novos tempos.
"Com menos defensivos e
menos fertilizantes, é lógico
que teremos menos produção",
disse.
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