|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EMERGENTES
Relatório da Cepal revela saldo de US$ 6 bilhões nas transações com o exterior, ao menos 50% dele vindo do Brasil
Conta externa na AL é positiva após 50 anos
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez em 50 anos, o
saldo nas contas correntes da
América Latina será positivo (em
US$ 6 bilhões, com pelo menos
metade do saldo obtido pelo Brasil). A informação consta de balanço preliminar divulgado pela
Cepal (Comissão Econômica para
a América Latina e Caribe), uma
das agências das Nações Unidas.
As contas correntes são um dos
principais indicadores de vulnerabilidade externa. Quando um
país tem déficit em transações
correntes, precisa captar recursos
via investimentos diretos estrangeiros (IDE) ou empréstimos para fechar sua balança de pagamentos. Segundo o informe, os principais geradores do saldo foram os países do Mercosul (Brasil
à frente), a República Dominicana e a Venezuela. No total, tiveram um saldo de US$ 22,5 bilhões
e compensaram o déficit (de US$ 16,5 bilhões) registrado por México, os países do Caribe, da Comunidade Andina e o Chile.
A Cepal apresenta ressalvas: o fluxo de IDE caiu 25% em relação
a 2002 (não vai superar os US$ 29 bilhões). Essa queda na poupança
externa, aliada aos baixos níveis de poupança nacional dos países
latino-americanos, limita ainda mais o investimento e o crescimento no longo prazo.
Segundo a Cepal, as perspectivas para a região no próximo ano
são positivas, desde que se mantenha o cenário externo favorável.
Para este ano, a Cepal estima um crescimento, ainda que tímido, de 1,5% para a América Latina, depois da retração verificada no ano passado. Em 2004, a economia do subcontinente terá expansão de 3,5%, prevê o informe.
A melhora nos indicadores está
vinculada à recuperação das economias americana e japonesa e ao
crescimento da China. Em 2002, o
PIB (Produto Interno Bruto) da
América Latina recuou 0,5%.
Quando isolados os números,
percebe-se o quão medíocre será
a atuação da economia brasileira.
Segundo a Cepal, o Brasil encerrará 2003 com variação positiva de
apenas 0,1% (no ano passado foi
1,9%). A Argentina, que em 2002
verificou queda de 10,8% no PIB,
crescerá 7,3% neste ano. O México, não mais que 1,2%.
Segundo a Cepal, a recuperação
registrada em 2003 é insuficiente
para compensar a estagnação
ocorrida nos seis anos anteriores.
Fosse pouco, o PIB por habitante
é inferior 1,5% ao nível de 1997 e
nada menos que 44% da população (227 milhões de pessoas) vive
abaixo da linha da pobreza.
Texto Anterior: Tributação: Receita veta exclusão de setores da Cofins Próximo Texto: Panorâmica - Vizinho: Fundo exige aperto maior, diz Kirchner Índice
|