São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

#PREENCHA O TITULO AQUI#

"Falta cuidado com setor produtivo", diz Fiesp DA REPORTAGEM LOCAL

Para o engenheiro e ex-industrial Paulo Francini, diretor do Departamento de Economia da Fiesp, as políticas macroeconômicas desenvolvidas pelos governos Collor, FHC e Lula criaram um clima hostil à produção.
Francini diz que esse ambiente hostil se caracteriza por taxas de juros elevadas que encarecem o custo do crédito ao setor privado, pela falta de previsibilidade com relação ao futuro, por uma taxa de câmbio errática e pela carga tributária elevada. (SB)

Folha - Houve ou não um processo de desindustrialização no país, nas últimas décadas?
Paulo Francini -
A palavra desindustrialização não carrega nenhum juízo de valor, nem para o bem nem para o mal, de ganho ou perda. Os países desenvolvidos passaram por essa transformação, como um processo natural da vida econômica na sua rota do desenvolvimento.

Folha - No Brasil, como ocorre?
Francini -
O processo que vem ocorrendo no Brasil é uma desindustrialização precoce e, por isso, passa a ser preocupante e danosa. Porque, longe ainda de atingir aquele nível em que a indústria tem a capacidade de puxar a economia para uma renda de US$ 10 mil a US$ 12 mil per capita, ela perde força e não é substituída por nada. E o que acontece com o PIB per capita? Ele plana, murcha.

Folha - Mas o setor de serviços cresceu no Brasil. Não foi suficiente para substituir a indústria?
Francini -
O setor de serviços não tem dinamismo. Ele cresceu ou inchou? No nosso caso, inchou, pois tem muita informalidade, até o flanelinha está no setor de serviço. A Índia é um dos raros casos no mundo em que seu processo de crescimento é conduzido pelo setor de serviços; 63% do seu crescimento vem desse setor. Mas ele tem fontes dinâmicas para gerar renda: a indústria de software e de call-centers, por exemplo.

Folha - O que caracteriza o ambiente hostil à indústria?
Francini -
Taxa de juros elevadas, custo do crédito ao setor privado, falta de previsibilidade com relação ao futuro, taxa de câmbio errática, carga tributária elevada.

Folha - A que o senhor atribui essa hostilidade?
Francini -
Uma parte dessa hostilidade é uma falta de percepção, uma falta de cuidado, de carinho pelo sistema produtivo. Ela se estabelece no governo Collor, segue-se na política de FHC e continua no governo Lula. Não se encontram figuras voltadas para a produção ou com o pensamento na produção nesses governos.
Leia a íntegra da entrevista no www.folha.com.br/dinheiro


Texto Anterior: América Latina teve processo mais desastroso
Próximo Texto: Luís Nassif: O meu "Thesouro da Juventude"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.