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Folhainvest
Lançamentos de ações devem manter força
Para especialistas, ritmo de estréias na Bolsa deve continuar firme em 2007; número deste ano chega a 23, contra 9 em 2005
Empresas obtiveram
R$ 26,98 bi neste ano com
lançamentos e emissões
secundárias de papéis; em
2005, captaram R$ 10,99 bi
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ano de 2006 se consolidou
como o da redescoberta da Bolsa de Valores pelas empresas
brasileiras. Foram 23 estréias
de novas ações na Bovespa no
ano, até o dia 13. E, até o encerramento deste ano, há outros
lançamentos planejados.
A dúvida que fica é se esse
crescimento considerável registrado neste ano -em 2005,
que já havia sido bom, foram 9
as estréias no mercado acionário- foi apenas um momento
ou se vai seguir daqui para a
frente. Profissionais do mercado entendem que o ritmo não
deve cair em 2007. E pode até
aumentar.
De um modo geral, as novas
empresas que desembarcaram
na Bolsa de Valores de São Paulo têm registrado retornos expressivos, com muitas delas superando em rentabilidade o
Ibovespa, que é o principal índice do mercado acionário.
Poucas ações caíram de seu
lançamento até agora. Analistas avaliam que, nesse caso,
tanto podem ter chegado em
momento menos favorável para a Bolsa como podem ter iniciado suas operações com preços muito elevados.
Além do expressivo número
de novatas, o mercado também
foi buscado por empresas que
já tinham capital aberto e decidiram emitir mais ações para
captar recursos, fazendo deste
um dos melhores anos da história recente da Bolsa.
Em 2006, foram captados R$
26,98 bilhões com ações, considerando os IPOs (lançamento
de ações, na sigla em inglês) e as
emissões secundárias, num total de 59 operações. Os dados
pertencem à CVM (Comissão
de Valores Mobiliários).
Em 2005, que já fora um ano
de forte movimentação, foram
captados R$ 10,99 bilhões, por
meio de 28 operações.
"O perfil empresarial sempre
foi mais conservador. Lançar
ações acabava ficando como última alternativa", diz Pedro
Paulo Silveira, economista da
Grau Gestão de Ativos. "Nos últimos anos, vimos uma mudança nessa mentalidade. Nesse
processo, o Novo Mercado foi
um marco importante."
Criado em dezembro de
2000, o Novo Mercado é um
segmento da Bovespa que tem
por finalidade listar empresas
comprometidas com práticas
diferenciadas de boa governança corporativa.
Esse segmento obrigou as
empresas a cumprir mais exigências, a fim de torná-las mais
transparentes para seus acionistas. Como conseqüência,
atraiu mais investidores.
"Não tenho a menor dúvida
de que 2007 seguirá forte com
os IPOs. O número de empresas lançando ações deve ser
ainda maior no ano que vem. A
decisão de abrir o capital alavanca muito o valor da empresa. Todas que puderem deveriam seguir esse caminho", diz
Álvaro Bandeira, diretor da
corretora Ágora e presidente da
Apimec (Associação dos Profissionais de Investimento do
Mercado de Capitais).
Estrangeiros
A importância dos investidores estrangeiros no desempenho do mercado acionário local
não pode ser esquecida. Eles
são responsáveis por cerca de
35% das operações feitas na
Bolsa paulista, e sua presença
tem sido fundamental para definir o rumo do mercado.
"O aumento da demanda por
ações novas, especialmente pelos estrangeiros, tem ajudado a
atrair empresas para a Bolsa",
avalia Silveira.
No caso dos lançamentos de
ações, a história se repete -e
até de forma mais intensa. Nos
IPOs feitos nos últimos anos, a
participação dos estrangeiros
tem alcançado 70% do volume
inicial ofertado.
Os estrangeiros têm tido papel relevante também para o
desempenho final da Bolsa.
Neste ano, o saldo dos negócios
realizados com capital externo
na Bovespa está positivo em R$
1,67 bilhão (até o dia 8).
No ano, o Ibovespa, principal
índice do mercado, registra valorização acumulada de 30,3%.
Espaço para crescer
Em 2003, ainda antes de os
IPOs voltarem a se tornar uma
realidade, Raymundo Magliano
Filho, presidente da Bovespa,
disse em entrevista à Folha
que sonhava com o dia em que
a Bolsa pudesse contar com mil
empresas de capital aberto.
Mas, mesmo com o aumento
de ritmo na entrada de novas
companhias no mercado acionário, ainda eram apenas 391
as empresas listadas na Bolsa
no fim de novembro. Em 1996,
eram 589 companhias listadas.
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