São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

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Folhainvest

Lançamentos de ações devem manter força

Para especialistas, ritmo de estréias na Bolsa deve continuar firme em 2007; número deste ano chega a 23, contra 9 em 2005

Empresas obtiveram R$ 26,98 bi neste ano com lançamentos e emissões secundárias de papéis; em 2005, captaram R$ 10,99 bi

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ano de 2006 se consolidou como o da redescoberta da Bolsa de Valores pelas empresas brasileiras. Foram 23 estréias de novas ações na Bovespa no ano, até o dia 13. E, até o encerramento deste ano, há outros lançamentos planejados.
A dúvida que fica é se esse crescimento considerável registrado neste ano -em 2005, que já havia sido bom, foram 9 as estréias no mercado acionário- foi apenas um momento ou se vai seguir daqui para a frente. Profissionais do mercado entendem que o ritmo não deve cair em 2007. E pode até aumentar.
De um modo geral, as novas empresas que desembarcaram na Bolsa de Valores de São Paulo têm registrado retornos expressivos, com muitas delas superando em rentabilidade o Ibovespa, que é o principal índice do mercado acionário.
Poucas ações caíram de seu lançamento até agora. Analistas avaliam que, nesse caso, tanto podem ter chegado em momento menos favorável para a Bolsa como podem ter iniciado suas operações com preços muito elevados.
Além do expressivo número de novatas, o mercado também foi buscado por empresas que já tinham capital aberto e decidiram emitir mais ações para captar recursos, fazendo deste um dos melhores anos da história recente da Bolsa.
Em 2006, foram captados R$ 26,98 bilhões com ações, considerando os IPOs (lançamento de ações, na sigla em inglês) e as emissões secundárias, num total de 59 operações. Os dados pertencem à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Em 2005, que já fora um ano de forte movimentação, foram captados R$ 10,99 bilhões, por meio de 28 operações.
"O perfil empresarial sempre foi mais conservador. Lançar ações acabava ficando como última alternativa", diz Pedro Paulo Silveira, economista da Grau Gestão de Ativos. "Nos últimos anos, vimos uma mudança nessa mentalidade. Nesse processo, o Novo Mercado foi um marco importante."
Criado em dezembro de 2000, o Novo Mercado é um segmento da Bovespa que tem por finalidade listar empresas comprometidas com práticas diferenciadas de boa governança corporativa.
Esse segmento obrigou as empresas a cumprir mais exigências, a fim de torná-las mais transparentes para seus acionistas. Como conseqüência, atraiu mais investidores.
"Não tenho a menor dúvida de que 2007 seguirá forte com os IPOs. O número de empresas lançando ações deve ser ainda maior no ano que vem. A decisão de abrir o capital alavanca muito o valor da empresa. Todas que puderem deveriam seguir esse caminho", diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora e presidente da Apimec (Associação dos Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais).

Estrangeiros
A importância dos investidores estrangeiros no desempenho do mercado acionário local não pode ser esquecida. Eles são responsáveis por cerca de 35% das operações feitas na Bolsa paulista, e sua presença tem sido fundamental para definir o rumo do mercado.
"O aumento da demanda por ações novas, especialmente pelos estrangeiros, tem ajudado a atrair empresas para a Bolsa", avalia Silveira.
No caso dos lançamentos de ações, a história se repete -e até de forma mais intensa. Nos IPOs feitos nos últimos anos, a participação dos estrangeiros tem alcançado 70% do volume inicial ofertado.
Os estrangeiros têm tido papel relevante também para o desempenho final da Bolsa. Neste ano, o saldo dos negócios realizados com capital externo na Bovespa está positivo em R$ 1,67 bilhão (até o dia 8).
No ano, o Ibovespa, principal índice do mercado, registra valorização acumulada de 30,3%.

Espaço para crescer
Em 2003, ainda antes de os IPOs voltarem a se tornar uma realidade, Raymundo Magliano Filho, presidente da Bovespa, disse em entrevista à Folha que sonhava com o dia em que a Bolsa pudesse contar com mil empresas de capital aberto.
Mas, mesmo com o aumento de ritmo na entrada de novas companhias no mercado acionário, ainda eram apenas 391 as empresas listadas na Bolsa no fim de novembro. Em 1996, eram 589 companhias listadas.


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