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Estatal fará esforço extra para atingir meta
Governo exigirá repasse maior dos lucros das empresas, especialmente dos bancos, para poder fechar contas em 2007
Questão põe secretário do Tesouro e ministro em lados opostos; Kawall quer valor menor, mas Mantega não aceita abrir mão de receita
SHEILA D'AMORIM
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo continuará exigindo das empresas estatais, especialmente dos bancos controlados pela União, um repasse
maior do que o tradicional dos
lucros obtidos para poder fechar suas contas em 2007. A
maior contribuição dessas empresas para o ajuste fiscal foi
discutida na semana passada,
na reunião do presidente Lula
com ministros e técnicos da
área econômica.
O tema entrou na pauta durante o debate sobre a necessidade de capitalizar a Caixa Econômica Federal. O aumento do
patrimônio do banco, controlado 100% pelo governo federal,
foi a solução encontrada para
que a instituição possa financiar obras de infra-estrutura
que serão tocadas por Estados e
municípios.
A discussão colocou o ministro Guido Mantega (Fazenda) e
o secretário do Tesouro, Carlos
Kawall, em lados opostos. A divergência manifestada durante
a reunião irritou o presidente,
que cobrou consenso da equipe
econômica.
Segundo a Folha apurou, na
reunião, o vice-presidente de
Desenvolvimento Urbano e
Governo da Caixa, Jorge Hereda, questionou a exigência feita
nos últimos anos pelo governo
para que as estatais aumentem
o percentual do lucro que é dividido com os acionistas, entre
eles o Tesouro.
Hereda teria argumentado
que, no caso específico da Caixa, não adiantaria nada injetar
recursos por um lado, com a capitalização, e retirar, do outro,
com maior repasse dos lucros
gerados. A direção do banco defende que a instituição fique
com uma parte maior do resultado para poder recompor seu
patrimônio.
Ele alegou que, nos últimos
anos, a Caixa, que normalmente repassava entre 25% e 35%
do lucro para o Tesouro, elevou
esse montante para uma média
superior a 45%. Somente no
primeiro semestre, a Caixa lucrou R$ 1,344 bilhão e antes
mesmo de divulgar o desempenho no período já tinha repassado R$ 920 milhões para a
União -quase 70% do total.
Se esse adiantamento não for
compensado no resultado do
segundo semestre, a contribuição do banco será recorde. Kawall, de acordo com o relato de
um dos presentes, teria dito
que não via problema em repassar um valor menor de dividendos.
O ministro Mantega interveio dizendo que essa era uma
questão mais delicada e o governo não poderia prometer
que abriria mão de um repasse
maior. Lula não gostou da falta
de unidade sobre o tema. Ainda
mais diante da possibilidade de
a exigência minimizar o efeito
da capitalização da Caixa.
O presidente reagiu duramente, e o assunto ficou para
ser "amadurecido" dentro da
área econômica, segundo pessoas ouvidas pela Folha.
Maior contribuição
Neste ano, entre janeiro e outubro, as estatais pagaram R$
9,642 bilhões ao Tesouro. O valor é mais do que o dobro dos
R$ 4 bilhões registrados no
mesmo período de 2005.
Somente o Banco do Brasil
(R$ 2,265 bilhões), a Caixa (R$
1,1 bilhão) e o BNDES (R$ 3,041
bilhões) contribuíram com
66,4% dos repasses no ano. No
mesmo período de 2005, a participação havia sido de 47%.
A Petrobras completa a lista
dos que mais pagaram dividendos, com R$ 2,34 bilhões neste
ano -R$ 1,684 bilhão no mesmo período de 2005. A Eletrobrás, que em 2005 pagou ao Tesouro apenas R$ 100 mil nos
dez primeiros meses do ano,
elevou sua contribuição para
R$ 137,8 milhões neste ano.
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