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Atrito com Mantega pode custar a Appy cargo na Fazenda
Secretário-executivo da pasta divergiu de ministro e do próprio
presidente Lula ao propor reforma mais ampla da Previdência
O secretário-adjunto de
Política Econômica, Nelson Barbosa, e o
presidente do BNDES,
Demian Fiocca,
são cotados
para a função
Alan Marques - 14.nov.06/Folha Imagem
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O ministro Guido Mantega |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As discussões sobre como
destravar o crescimento a partir de 2007 e manter o equilíbrio fiscal expuseram um racha
na equipe econômica, que deverá custar a Bernard Appy o
cargo de secretário-executivo
do Ministério da Fazenda.
Sua saída é dada como certa
nos bastidores do ministério
por causa das divergências de
idéias com o ministro Guido
Mantega. O ministro até já teria
nomes para substituí-lo.
O primeiro a ser cotado foi
Nelson Barbosa, que é atualmente secretário-adjunto de
Política Econômica e tem participado diretamente das discussões de medidas a serem
implementadas para fazer o
país crescer.
Nos últimos dias, porém, Demian Fiocca, presidente do
BNDES, também começou a
ser cotado para o cargo. Amigo
de Mantega, Fiocca trabalhou
com ele no Planejamento e no
próprio BNDES.
O nome dele surgiu porque,
na montagem da equipe de governo do segundo mandato do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, há uma possibilidade de
Fiocca ser deslocado das suas
funções atuais para atender um
pedido do ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento). Furlan quer indicar o
presidente do BNDES, instituição vinculada à sua pasta.
O principal ponto de atrito de
Appy com Mantega é sobre o
ajuste fiscal de longo prazo. As
divergências ficaram claras logo nas primeiras reuniões com
Lula, depois da confirmação da
vitória das eleições.
Idéias opostas
Appy defendia uma reforma
mais ampla da Previdência como forma de reafirmar o compromisso do governo com a
austeridade fiscal e, com isso,
abrir espaço para a queda mais
forte dos juros, criando um círculo virtuoso na economia.
Mantega, assim como o próprio presidente Lula, era contrário a uma nova reforma que
mudasse as regras de aposentadorias e pensões. O ministro
acredita que é possível frear o
crescimento do déficit previdenciário com ações administrativas, deixando a reforma
para mais adiante.
No entanto, Appy, que durante a crise envolvendo o ex-ministro Antonio Palocci no
início do ano ganhou espaço no
Planalto, ainda tentou convencer as pessoas próximas ao presidente -e a ele também- da
necessidade de fazer algo mais
ousado na Previdência.
Enquanto isso, Mantega e o
ministro Nelson Machado
(Previdência) pregavam um
choque de gestão. Em uma reunião, Lula nem quis ouvir falar
sobre o assunto de reforma da
Previdência, que foi introduzido por Appy. Mantega fez questão de comentar depois, com
pessoas próximas, que não foi
ele quem colocou a questão.
Appy, que na gestão de Palocci tinha saído da Secretaria
Executiva para a de Política
Econômica, foi convidado pelo
próprio Mantega a ficar no ministério, na sua antiga função.
Como nos últimos meses de
Palocci no cargo ele praticamente tocou o ministério com
o ex-secretário-executivo Murilo Portugal, Appy conquistou
a simpatia de Lula.
Na equipe de Palocci, Appy,
que é ligado ao PT, era considerado um dos técnicos com
idéias mais desenvolvimentistas. Hoje, é o que mais tem lutado por medidas de contenção
dos gastos do governo. Além da
reforma da Previdência, ele defende menores reajustes para
os servidores e para o mínimo.
(SHEILA D'AMORIM)
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