|
Próximo Texto | Índice
Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Sucesso de pacotes não é garantido, diz Delfim
Apesar de todos os pacotes
que vêm sendo anunciados pelo governo para injetar liquidez
no mercado e evitar a recessão,
não há nenhuma garantia de
que as medidas serão bem-sucedidas ou não. O grande problema é que o mundo vive hoje
uma crise de confiança e não
será do dia para a noite que ela
será restabelecida.
A análise é do ex-ministro
Delfim Netto, ao comentar os
sucessivos pacotes que vêm
sendo anunciados pelo governo
toda semana. Ele até acha que
todas essas medidas são necessárias para tirar o país do sufoco, mas podem não ser suficientes para o restabelecimento da confiança.
"O governo pode dar crédito
para as pessoas, mas como elas
vão consumir se correm o risco
de perder o emprego, o governo
pode fornecer liquidez para os
bancos, mas como eles vão voltar a emprestar se eles não sabem quem está com problemas,
e como as empresas vão investir sem crédito e com ameaça
de desaceleração da economia?", pergunta Delfim.
"Você pode levar o burro até
a fonte, mas não pode obrigá-lo
a beber água."
A melhor saída do governo,
na opinião de Delfim, é apostar
no único instrumento que depende apenas dele, que é o investimento. O governo tem o
controle sobre o investimento
e essa deve ser sua prioridade.
Mesmo se cair a receita tributária, como se espera, o governo pode manter o investimento. Se for preciso, Delfim
diz que o governo pode cortar
despesas de custeio para reforçar o investimento público.
A decisão de aumentar os investimentos, de acordo com
Delfim, tem efeito positivo não
só para movimentar a economia, como também para mobilizar o setor privado nessa mesma direção.
"Se o governo der ênfase ao
investimento vai mostrar para
o setor privado que a noite não
será tão escura", diz Delfim. "O
impacto psicológico seria muito importante."
Outra medida que teria um
efeito psicológico significativo,
segundo Delfim, seria a queda
dos juros. O ex-ministro acha
que o Banco Central já deveria
ter baixado a taxa de juros na
última reunião do Copom,
mesmo que tivesse sido um
corte de 0,25 ponto percentual.
Seria, a seu ver, um sinal psicológico importante para as
pessoas. Para Delfim, o BC só
não baixou o juro para mostrar
independência do governo.
"Está visível que o Banco
Central só não baixou o juro em
razão desse cabo de guerra ridículo que trava com o governo."
NA REDE
Circula na internet: "Você
sabia que os US$ 100 bilhões
que o Royal Bank of Scotland pagou pelo ABN-Amro
há cerca de um ano daria para comprar no momento o
Citibank (valor atual de
mercado, US$ 22 bilhões) +
o Morgan Stanley (US$ 10,5
bilhões) + o Goldman Sachs
(US$ 21 bilhões) + o Merrill
Lynch (US$ 12,3 bilhões) + o
Deutsche Bank (US$ 13 bilhões) + o Barclays (US$ 12,7
bilhões)? Com a sobra de
US$ 8 bilhões, ainda se comprariam a Ford, a Chrysler e
a GM. Como ninguém é de
ferro, sobraria um troquinho para montar uma equipe Honda de Fórmula 1. Assim, Rubinho Barrichello
poderia voltar a correr em
2009."
ENXUTO
Em carta enviada ontem a
clientes e amigos, Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC e sócio da Mauá
Investimentos, mostra que o
patrimônio da Mauá hoje, de
R$ 400 milhões, é 84% menor que o máximo já registrado, de R$ 2,5 bilhões em
2007. O economista diz que
a crise contribuiu para a
reestruturação da empresa.
Entre as iniciativas, estão
cortes de 40% nos custos e a
extinção da área de "novos
produtos e negócios" da empresa. Figueiredo afirma, na
carta, que as mudanças deixam a Mauá preparada para
a "retomada da indústria de
fundos e do apetite a risco do
investidor, que deve começar já em 2009".
SALTO ALTO
A feira de moda, couro e calçados Couromoda, entre os
dias 12 e 15 de janeiro, será a primeira grande feira do calendário no país desde que a crise começou. Segundo Francisco
Santos, presidente da Couromoda, o novo cenário será marcado pelo retorno de clientes europeus e americanos que foram perdidos para os chineses nos produtos de baixo valor
agregado nos últimos cinco anos. Santos diz que o mercado
calçadista brasileiro foi menos afetado e o momento está
propício para resgatar clientes internacionais. "Nos últimos
dias corremos atrás dos clientes externos. A estratégia é resgatar clientes que nos abandonaram." A expectativa de crescimento para este ano era de 10%, mas deve fechar em 6%.
ELÉTRICO
O setor eletroeletrônico
fechou 2008 empregando
165 mil trabalhadores, quase
10 mil novas contratações
em relação a 2007. Mas, para
2009, o nível de emprego do
setor não deverá subir, e poderá fechar o ano com o
mesmo número de 2008, segundo Humberto Barbato,
presidente da Abinee (associação da indústria elétrica e
eletrônica). Já a balança comercial de produtos do setor
eletroeletrônico fechou este
ano com déficit recorde de
mais de US$ 23 bilhões. O
número supera em quase
60% o déficit do ano passado. As exportações ficaram
em US$ 10 bilhões e as importações passaram de
US$ 33 bilhões. "Os componentes, incluindo semicondutores, representaram 57%
das importações, o que mostra dificuldade de desenvolvimento da indústria local
de componentes. Para 2009,
se nada mudar, as importações chegarão a US$ 36 bilhões e o déficit vai ultrapassar os US$ 24 bilhões."
ESTÍMULO
Luiza Trajano, superintendente do Magazine Luiza
e presidente do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), lança nesta semana campanha do IDV para estimular os consumidores a comprar mesmo com a
crise econômica. Com o slogan "Levante a Cabeça e
Olhe para a Frente", a campanha será veiculada em dez
dos principais jornais brasileiros. "A crise vai ser do tamanho do medo com que a
enfrentarmos", diz Trajano.
INTERNAUTA
Sérgio Valente, presidente
da DM9DDB, nos últimos 12
meses, registrou um crescimento de 250% nos investimentos em internet, respondendo por 6% do faturamento. O valor total ultrapassa os R$ 30 milhões.
RETORNO
As microcervejarias estão
estudando reativar a Abmic
(associação do setor). O nome mais cotado para a presidência é o de Marcelo da Rocha, da cervejaria Colorado.
VIZINHANÇA
As micro, pequenas e médias empresas na América
Latina exportam pouco, segundo pesquisa encomendada pela Visa para a Nielsen. O Brasil e o país que tem
a menor média da região,
com 98% das micro, pequenas e médias que não exportam. Na América Latina, a
porcentagem de empresas
que não fazem exportação é
de 96%. No Brasil, as que
menos exportam são as micro (2%) e pequenas (3%).
ROUPA NOVA
Edvaldo Cerqueira, ex-diretor da Bradesco Seguros e
ex-diretor da Áurea Seguros,
será o presidente da Cescebrasil Seguros de Garantias
e Crédito, que começa a operar no país na segunda. A
empresa, hoje denominada
Áurea Seguros, passou por
um processo de reestruturação e volta ao mercado com
foco em garantia, crédito interno e à exportação.
BONECA
A Brinquedos Estrela vai
fechar 2008 com crescimento entre 15% e 20%. Em
2007, o incremento foi de
37,45%. Para o ano que vem,
as expectativas são mais
cautelosas. A empresa pretende manter os mesmos faturamento e "market share"
deste ano.
MAIS BARATO
O Wal-Mart registrou
venda recorde de panetones
de fabricação própria, feito
nas padarias das lojas. Neste
ano o produto está 14% mais
barato que em 2007 e a rede
teve em novembro venda
50% superior ao mesmo período de 2007, com mais de
600 mil unidades vendidas.
DE PLÁSTICO
A Plastivida vai divulgar a
redução de 12% no consumo
de sacolas plásticas em lojas
e supermercados de São
Paulo, Porto Alegre e Salvador, participantes do programa de uso consciente. A
ação será ampliada para outras capitais em 2009 e tem
apoio de redes como Pão de
Açúcar, Záffari e outras. O
Brasil consome 18 bilhões de
sacolas plásticas por ano.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
Próximo Texto: Banco ganha mais estímulo para emprestar Índice
|