São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

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Justiça dos EUA impõe prisão domiciliar para Madoff

Acusado de fraude de US$ 50 bi, ele ficará detido em apartamento em Manhattan

Presidente da SEC minimiza as críticas ao órgão e diz que não há indícios de que algum funcionário esteja envolvido no esquema

DA REDAÇÃO

A Justiça norte-americana determinou que Bernard Madoff, o gestor de fundos acusado de fraude de US$ 50 bilhões, fique detido em prisão domiciliar, depois que ele não conseguiu cumprir algumas das condições para continuar em liberdade sob fiança.
Em um acordo realizado na semana passada, Madoff ofereceu seu apartamento em Manhattan (onde ele agora ficará detido) como garantia para a fiança, mas ele precisava ainda da assinatura de quatro pessoas "financeiramente responsáveis", o que não conseguiu.
Apesar de a sua mulher -que teve que entregar o passaporte como uma das condições para que ele ficasse em prisão domiciliar- e seu irmão terem apoiado o investidor, ele não conseguiu as assinaturas suficientes, segundo pessoas ligadas ao caso. Madoff foi entregue à Justiça por dois dos seus filhos. Muitos dos amigos de Madoff fizeram investimentos com ele, perdendo milhões de dólares, o que tornou muito difícil a obtenção das assinaturas.
Com isso, foram modificadas as condições para que não fosse para a prisão. Ele só precisará de duas assinaturas, mas, além de entregar o seu passaporte e o da sua mulher, Madoff não poderá deixar o seu apartamento entre as 19 horas e as 9 horas e será monitorado eletronicamente. Caso seja condenado, ele poderá receber pena de até 20 anos de prisão e multa de até US$ 5 milhões.

Investigação
O presidente da SEC (órgão que fiscaliza e regulamenta o mercado de valores mobiliários americano), Christopher Cox, minimizou um pouco as críticas que fez anteontem a entidade sobre como Madoff conseguiu agir por tanto tempo sem ser descoberto. Ele afirmou ontem que não há nenhum indício de que algum funcionário da SEC tenha cometido algum delito no caso.
Em nota anteontem, Cox afirmou que as investigações iniciais da SEC apontaram que houve falha da entidade na investigação da empresa de Madoff e que a atuação do órgão foi "profundamente preocupante". Ele disse que a SEC descobriu que desde 1999 "alegações críveis e específicas" sobre delitos de Madoff foram levadas para funcionários do órgão, que, no entanto, não recomendaram nenhuma ação.
Madoff é acusado pelas autoridades americanas de montar um esquema Ponzi, em que oferecia retornos altos aos seus investidores usando dinheiro pago com a entrada de novos clientes, em vez de utilizar a receita obtida com as aplicações. Antes de ser preso, ele teria dito a funcionários que estava "acabado", que "não tinha mais nada" e que tudo não passava de "uma grande mentira.
Entre os clientes de Madoff, estão algumas das principais instituições financeiras mundiais, como HSBC, Santander e Royal Bank of Scotland, em uma lista que inclui famosos como o diretor Steven Spielberg e pequenos investidores.
E o impacto da suposta fraude também atingiu a filantropia. Pelo menos três instituições de caridade disseram que pretendem fechar suas portas devido aos prejuízos com o investidor. O efeito deverá ser ainda maior nos próximos meses, já que vários doadores perderam milhões com Madoff e devem cortar os gastos.


Com agências internacionais


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