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Justiça dos EUA impõe prisão domiciliar para Madoff
Acusado de fraude de US$ 50 bi, ele ficará detido em apartamento em Manhattan
Presidente da SEC minimiza
as críticas ao órgão e diz que
não há indícios de que
algum funcionário esteja
envolvido no esquema
DA REDAÇÃO
A Justiça norte-americana
determinou que Bernard Madoff, o gestor de fundos acusado de fraude de US$ 50 bilhões,
fique detido em prisão domiciliar, depois que ele não conseguiu cumprir algumas das condições para continuar em liberdade sob fiança.
Em um acordo realizado na
semana passada, Madoff ofereceu seu apartamento em Manhattan (onde ele agora ficará
detido) como garantia para a
fiança, mas ele precisava ainda
da assinatura de quatro pessoas
"financeiramente responsáveis", o que não conseguiu.
Apesar de a sua mulher -que
teve que entregar o passaporte
como uma das condições para
que ele ficasse em prisão domiciliar- e seu irmão terem
apoiado o investidor, ele não
conseguiu as assinaturas suficientes, segundo pessoas ligadas ao caso. Madoff foi entregue à Justiça por dois dos seus
filhos. Muitos dos amigos de
Madoff fizeram investimentos
com ele, perdendo milhões de
dólares, o que tornou muito difícil a obtenção das assinaturas.
Com isso, foram modificadas
as condições para que não fosse
para a prisão. Ele só precisará
de duas assinaturas, mas, além
de entregar o seu passaporte e o
da sua mulher, Madoff não poderá deixar o seu apartamento
entre as 19 horas e as 9 horas e
será monitorado eletronicamente. Caso seja condenado,
ele poderá receber pena de até
20 anos de prisão e multa de até
US$ 5 milhões.
Investigação
O presidente da SEC (órgão
que fiscaliza e regulamenta o
mercado de valores mobiliários
americano), Christopher Cox,
minimizou um pouco as críticas que fez anteontem a entidade sobre como Madoff conseguiu agir por tanto tempo sem
ser descoberto. Ele afirmou ontem que não há nenhum indício
de que algum funcionário da
SEC tenha cometido algum delito no caso.
Em nota anteontem, Cox
afirmou que as investigações
iniciais da SEC apontaram que
houve falha da entidade na investigação da empresa de Madoff e que a atuação do órgão foi
"profundamente preocupante". Ele disse que a SEC descobriu que desde 1999 "alegações
críveis e específicas" sobre delitos de Madoff foram levadas
para funcionários do órgão,
que, no entanto, não recomendaram nenhuma ação.
Madoff é acusado pelas autoridades americanas de montar
um esquema Ponzi, em que
oferecia retornos altos aos seus
investidores usando dinheiro
pago com a entrada de novos
clientes, em vez de utilizar a receita obtida com as aplicações.
Antes de ser preso, ele teria dito
a funcionários que estava "acabado", que "não tinha mais nada" e que tudo não passava de
"uma grande mentira.
Entre os clientes de Madoff,
estão algumas das principais
instituições financeiras mundiais, como HSBC, Santander e
Royal Bank of Scotland, em
uma lista que inclui famosos
como o diretor Steven Spielberg e pequenos investidores.
E o impacto da suposta fraude também atingiu a filantropia. Pelo menos três instituições de caridade disseram que
pretendem fechar suas portas
devido aos prejuízos com o investidor. O efeito deverá ser
ainda maior nos próximos meses, já que vários doadores perderam milhões com Madoff e
devem cortar os gastos.
Com agências internacionais
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