São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

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Projetos de R$ 220 bi ainda não têm crédito

Obras de infra-estrutura, como estradas e usinas hidrelétricas, podem ser paralisadas

Abdib pedirá em encontro hoje com Dilma Rousseff medidas para estimular novas fontes de crédito de longo prazo para o setor

DA REPORTAGEM LOCAL

A Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base) estima que o país precisa encontrar fontes de financiamento de longo prazo para bancar uma carteira de projetos estimada em R$ 220 bilhões. Segundo o presidente da Abdib, Paulo Godoy, são precisos R$ 100 bilhões em empreendimentos compromissados para obras de hidrelétricas, portos e rodovias e mais R$ 120 bilhões em projetos de petróleo e gás. Os empreendedores correm neste momento para contratar esse volume de financiamentos de longo prazo.
A Abdib e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) reúnem hoje 500 empresários ligados às indústrias de base e infra-estrutura para discutir com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, quais são as linhas disponíveis para financiar os projetos de infra-estrutura.
"A idéia é passar um "pente-fino" em todas as linhas disponíveis atualmente e avaliar o que mais pode ser feito para assegurar o fluxo de crédito, que é o oxigênio para os investimentos", explicou Godoy.
Há, na avaliação da Abdib, dois problemas centrais que representam uma ameaça real ao cumprimento dos investimentos em projetos já em andamento, o que inclui das usinas hidrelétricas do rio Madeira (Jirau e Santo Antônio) aos projetos de concessão de rodovias federais ou estaduais.
O primeiro é o aumento da concorrência pelas linhas de crédito nacionais, acessadas agora por empresas brasileiras que tinham oferta externa de recursos para seus financiamentos. A Petrobras foi apenas um dos exemplos, quando contratou um empréstimo de R$ 2 bilhões da CEF (Caixa Econômica Federal), fonte dos projetos de saneamento e habitação.
A Abdib deve voltar a alertar o governo sobre a dificuldade para os projetos de infra-estrutura atraírem capital diante das opções de renda fixa. "Temos insistido que os títulos do governo não podem ficar competindo com os projetos de infra-estrutura. É preciso criar mecanismos que estimulem o investimento em projetos de longo prazo", disse.
A associação deve cobrar da ministra Dilma Rousseff medidas como a isenção tributária para investidores interessados em aplicar em infra-estrutura. A proposta é a de isentar do Imposto de Renda e de demais tributos investidores que capitalizem esse tipo de fundo.
Outra cobrança será a criação de um mecanismo de direcionamento dos recursos do depósito compulsórios para financiar infra-estrutura. Essas medidas podem, na avaliação da Abdib, elevar a oferta de crédito de longo prazo para os financiamentos. A associação avalia que hoje existam cerca de R$ 60 bilhões para isso, a maior parte nas mãos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que responde por R$ 40 bilhões dos desembolsos para o setor de infra-estrutura, o Fundo de Investimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e de fundos de investimentos criados para esse fim, que dispõem hoje de aproximadamente R$ 2,5 bilhões.
(AGNALDO BRITO)


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