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Projetos de R$ 220 bi ainda não têm crédito
Obras de infra-estrutura, como estradas e usinas hidrelétricas, podem ser paralisadas
Abdib pedirá em encontro hoje com Dilma Rousseff medidas para estimular novas fontes de crédito de longo prazo para o setor
DA REPORTAGEM LOCAL
A Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base) estima que o país
precisa encontrar fontes de financiamento de longo prazo
para bancar uma carteira de
projetos estimada em R$ 220
bilhões. Segundo o presidente
da Abdib, Paulo Godoy, são precisos R$ 100 bilhões em empreendimentos compromissados para obras de hidrelétricas,
portos e rodovias e mais R$ 120
bilhões em projetos de petróleo
e gás. Os empreendedores correm neste momento para contratar esse volume de financiamentos de longo prazo.
A Abdib e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) reúnem hoje 500 empresários ligados às indústrias de base e infra-estrutura para discutir com
a ministra-chefe da Casa Civil,
Dilma Rousseff, quais são as linhas disponíveis para financiar
os projetos de infra-estrutura.
"A idéia é passar um "pente-fino" em todas as linhas disponíveis atualmente e avaliar o
que mais pode ser feito para assegurar o fluxo de crédito, que é
o oxigênio para os investimentos", explicou Godoy.
Há, na avaliação da Abdib,
dois problemas centrais que representam uma ameaça real ao
cumprimento dos investimentos em projetos já em andamento, o que inclui das usinas
hidrelétricas do rio Madeira
(Jirau e Santo Antônio) aos
projetos de concessão de rodovias federais ou estaduais.
O primeiro é o aumento da
concorrência pelas linhas de
crédito nacionais, acessadas
agora por empresas brasileiras
que tinham oferta externa de
recursos para seus financiamentos. A Petrobras foi apenas
um dos exemplos, quando contratou um empréstimo de R$ 2
bilhões da CEF (Caixa Econômica Federal), fonte dos projetos de saneamento e habitação.
A Abdib deve voltar a alertar
o governo sobre a dificuldade
para os projetos de infra-estrutura atraírem capital diante das
opções de renda fixa. "Temos
insistido que os títulos do governo não podem ficar competindo com os projetos de infra-estrutura. É preciso criar mecanismos que estimulem o investimento em projetos de longo prazo", disse.
A associação deve cobrar da
ministra Dilma Rousseff medidas como a isenção tributária
para investidores interessados
em aplicar em infra-estrutura.
A proposta é a de isentar do Imposto de Renda e de demais tributos investidores que capitalizem esse tipo de fundo.
Outra cobrança será a criação de um mecanismo de direcionamento dos recursos do
depósito compulsórios para financiar infra-estrutura. Essas
medidas podem, na avaliação
da Abdib, elevar a oferta de crédito de longo prazo para os financiamentos. A associação
avalia que hoje existam cerca
de R$ 60 bilhões para isso, a
maior parte nas mãos do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), que responde por R$ 40
bilhões dos desembolsos para o
setor de infra-estrutura, o Fundo de Investimento do FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço) e de fundos de investimentos criados para esse
fim, que dispõem hoje de aproximadamente R$ 2,5 bilhões.
(AGNALDO BRITO)
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