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RACHA NA INDÚSTRIA
Presidente da Firjan diz que "não adianta reclamar por reclamar"; Piva critica Franco e prepara ato
Rio sai em defesa de FHC contra Fiesp
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
As críticas de industriais paulistas à equipe econômica provocaram a reação de lideranças empresariais do Rio de Janeiro, que iniciaram ontem uma troca de farpas
com São Paulo para defender a
atual política do governo federal.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que
vinha atacando publicamente a
política de juros altos do governo,
com o apoio da CNI (Confederação Nacional da Indústria), foi duramente criticada ontem.
O presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), Eduardo Eugênio Gouvêa
Vieira, saiu em defesa da equipe
econômica e do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Não adianta reclamar por reclamar. Tem que haver uma base para
a reclamação", disse Gouvêa, após
almoço de apresentação dos indicadores da indústria fluminense.
Para o presidente da Firjan, a atual
política do governo é dolorosa,
mas não há alternativa.
Segundo ele, o presidente da
Fiesp, Horacio Piva, vem dizendo
que a crítica à política de juros não
é da entidade, mas de parte dos
seus diretores.
"Eu quero acreditar que seja exatamente assim", disse Gouvêa. Para ele, se a crítica for uma posição
da Fiesp, isso significa um retrocesso em relação ao que o presidente da Firjan havia entendido do
pensamento da nova direção da
entidade paulista na época da posse de Piva, em setembro.
Gouvêa disse que as críticas de
agora se parecem com as que levaram, em 1979, à queda de Mário
Henrique Simonsen do cargo de
ministro da Fazenda. Segundo ele,
o sucessor de Simonsen, Delfim
Netto, fez duas maxidesvalorizações da moeda e lançou o Brasil na
chamada "década perdida".
Para Gouvêa, as críticas da Fiesp
estão relacionadas com o processo
de esvaziamento industrial de São
Paulo, que seria decorrente da excessiva concentração populacional
nas grandes cidades, atingindo
também o Rio.
Segundo ele, esse esvaziamento
vem sendo compensado pelo surgimento de pólos geradores de empregos em outras regiões, como no
Nordeste, ou mesmo no interior de
São Paulo.
Gouvêa disse que também quer a
redução dos juros, mas considera
que isso virá com a efetiva implementação das reformas que precisam acompanhar a estabilização
da economia, como a reforma tributária e a reforma da legislação
trabalhista.
Afinado com o discurso do governo, Gouvêa entende que, se os
ajustes anunciados em outubro forem efetivados, a economia poderá
voltar a crescer no segundo semestre de 99. Ele defendeu também a
maior disponibilidade de financiamentos, "a taxas compatíveis", para o setor produtivo.
Movimento
A Fiesp vem tentando articular
um movimento para pressionar o
governo a adotar uma política
mais voltada à produção.
O presidente da entidade criticou, várias vezes, o presidente do
Banco Central, Gustavo Franco,
pela sua atuação em defesa da atual
política monetária.
Ontem, após um encontro com a
direção da Força Sindical, Piva
chegou a defender maior liberação
nos empréstimos compulsórios
dos bancos.
A estratégia da Fiesp tem sido a
de promover encontros com deputados federais eleitos por São Paulo e lideranças sindicais da Força
Sindical e da CUT (Central Única
dos Trabalhadores).
Na próxima segunda-feira, haverá um ato na sede da Fiesp reunindo empresários, parlamentares e
lideranças sindicais para tentar definir uma agenda comum das reivindicações a favor da produção e
da geração de empregos.
Sobre as críticas que começou a
receber, principalmente do presidente da Firjan, Piva disse que em
nenhum momento defendeu a volta do protecionismo ou a derrubada do presidente do Banco Central,
considerado por muitos como o
maior defensor da política atual de
juros elevados.
"As pessoas que estão me criticando não falaram comigo; a agenda de discussões é aberta, não somos dogmáticos", respondeu ontem Piva, contrariado com as críticas pessoais que vem recebendo.
Piva afirmou que tem recebido o
apoio de empresários nas suas críticas e argumenta que outras lideranças empresariais também adotaram a mesma linha de ataque ao
governo.
"O discurso do Fernando Bezerra (presidente da CNI) tem sido
mais forte do que o da Firjan",
comparou Piva.
Ele disse que as críticas feitas anteontem pelo presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, dirigidas às reivindicações da Fiesp,
foram muito mais elegantes do que
as outras que recebeu.
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