|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LUÍS NASSIF
A inadimplência é alta
Estudos produzidos pela edição desta semana do Guia Financeiro indicam que a situação do crédito bancário está
mais crítica do que em 1995
-ano que marcou a primeira
explosão de inadimplência do
Real. Naquele período, os bancos vinham de uma política
francamente de crédito expansionista e pouco seletiva. Agora, de uma política extremamente conservadora. Mesmo
assim, os dados de provisionamento contra crédito de difícil
liquidação estão em níveis
preocupantes.
As conclusões se basearam
nos resultados de 19 instituições catalogadas no sistema
Economática. No item provisionamento, o setor bancário
fechou o terceiro trimestre de
98 com o índice mais elevado
desde 96. Contribuiu para esse
aumento o Banco do Brasil,
que fechou o período com provisões de US$ 3,122 bilhões, de
um total de US$ 5,881 bilhões
(veja explicações a seguir).
Mesmo tirando o BB do estudo, o provisionamento no terceiro trimestre de 98 seria de
US$ 2,759 bilhões, contra US$
2,224 bilhões no terceiro trimestre de 97 e US$ 3,118 bilhões
no mesmo período de 96.
Apesar do provisionamento
crescente, os créditos em atraso
-superiores a 30 dias- estão
estáveis, demonstrando que, de
certa forma, os bancos estão no
curtíssimo prazo. No terceiro
trimestre de 1997 esses bancos
dispunham de US$ 100,4 bilhões em operações de crédito
de curto prazo e longo prazo.
Hoje em dia, estão com US$
73,088 bilhões, um corte de liquidez de 37,4%, ou menos
US$ 27,364 bilhões às empresas.
As linhas de curto prazo ficaram estáveis em 1998, embora
tenham diminuído em relação
aos mesmos trimestres de 1997.
Já as de longo prazo desabaram de US$ 41,1 bilhões no terceiro trimestre de 1997 para
US$ 755 milhões no terceiro de
1998.
Conclusão: a história de
alongar passivos foi para o espaço com a política de juros altos.
Provisões no BB
Embora tenha ocorrido um
aumento da inadimplência, o
aumento do provisionamento
do BB não tem relação direta
com o fenômeno. Até 1996, o
banco tinha uma quantidade
muito grande de operações
inadimplentes de pequeno valor, que não valia a pena ajuizar. Isso porque, à medida que
ajuizava, o gerente se sentia
desobrigado de continuar cobrando os clientes. Além de não
ajuizar, o BB não trazia para
prejuízos.
A partir de 1997 a legislação
fiscal obrigou a oferecer como
tributação receitas relacionadas a créditos inadimplidos
que não estejam ajuizados. Para não pagar Imposto de Renda, o banco passou a fazer o
lançamento e, automaticamente, a provisão. Com isso,
uma operação compensou a
outra, mas inflou as contas de
liquidação.
Os dados internos da carteira
revelam que a relação entre
contas recuperadas e novas
inadimplências subiu de 1,5%
em junho para 3% em novembro.
E-mail: lnassif@uol.com.br
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|