São Paulo, sexta, 18 de dezembro de 1998

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BANCOS
Créditos podres do antigo Excel Econômico são de R$ 250 milhões, diz presidente; rombo total é de R$ 900 milhões
BBV prevê 2 anos para recuperar perdas

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

O presidente mundial do Banco Bilbao Vizcaya, Emilio Ybarra, acredita que levará pelo menos dois anos para que o banco consiga recuperar R$ 250 milhões de créditos podres do antigo Excel Econômico.
O BBV comprou o Excel em julho e, durante o processo de auditorias no banco brasileiro, descobriu-se um rombo nos ativos próximo a R$ 900 milhões. Por conta disso, os antigos controladores -a família Nasser- receberam apenas R$ 1 pelo controle do banco, conforme revelou a Folha na ocasião.
Todos os créditos ruins foram deixados em separado e serão alvo de um trabalho de recuperação (cobrança e renegociação), segundo acordo fechado com o Banco Central do Brasil.
Ybarra explicou que os primeiros R$ 250 milhões, mais as taxas de juro correspondentes, caberão ao BBV, que poderá, assim, recuperar parte do dinheiro investido para ingressar no país. Até agora, o BBV já trouxe R$ 1,8 bilhão para o país, valor que inclui R$ 800 milhões de reservas para expansão.
A partir dos primeiros R$ 250 milhões mais juros, o que puder ser recuperado irá para os antigos controladores.
Ybarra, que esteve no Brasil do último sábado até a quarta-feira, não comentou o que já foi feito, mas deu a entender que nenhum crédito - ou quase isso- foi recuperado até o momento. "Com o prazo que estamos aqui não dá para fazer muita coisa."
A visita de Ybarra ao país coincidiu com a chegada oficial da marca BBV. Na última segunda-feira, todas as agências do antigo Excel abriram com o nome Bilbao Vizcaya na fachada. No mesmo dia, Ybarra participou em Salvador de uma solenidade para comemorar a abertura das agências.
Na terça-feira, o presidente do BBV esteve em Brasília reunido com o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.
"Falamos sobre a economia do país, sobre o problema recente no Congresso. O presidente deixou muito claro que ficarão faltando apenas uns 10% para completar o programa de ajuste e que ele já tem previstas as soluções. Ele manifestou decisão firme de cumprir o programa de ajuste, apesar do problema que ocorreu", disse Ybarra.
O presidente do BBV disse acreditar que Brasil vai passar por um ano difícil em 99. "O PIB vai ter crescimento zero, ou até negativo, mas nós fizemos um investimento de longo prazo, não um investimento especulativo. Viemos para fazer um banco brasileiro e, portanto, para conviver com a economia brasileira e com seus momentos bons e maus", disse.



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