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Arrecadação federal sobe 4,5% em 2006
Brasileiros pagaram R$ 392 bi em impostos federais no ano passado; todo mês de 2006 teve recorde de arrecadação
Resultado revela bom desempenho da economia e eficiência da máquina
arrecadatória, diz Receita, que critica ação de bancos
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal arrecadou
R$ 392,542 bilhões em impostos no ano passado, um novo
recorde na história do país.
Com esse resultado, a Receita
Federal conseguiu obter crescimento de 4,48% das receitas, já
descontada a inflação.
O total arrecadado em dezembro também foi o maior já
registrado -R$ 39,031 bilhões- e contribuiu para outro
feito do fisco: a arrecadação
mensal em 2006 foi recorde em
todos os 12 meses do ano em relação a meses de outros anos.
"Nunca tivemos um desempenho da arrecadação como em
2006, e isso num ano marcado
por um conjunto de desonerações tributárias. Se ainda assim
atingimos níveis esperados de
receita, foi graças ao bom desempenho da economia e à eficiência da máquina arrecadatória", disse Ricardo Pinheiro, secretário-adjunto da Receita Federal.
Refis
Um dos maiores destaques
na arrecadação de 2006 foi o
Refis 3, programa de parcelamento de dívidas que deu desconto de multa e juros a empresas devedoras. De agosto a dezembro, R$ 2,297 bilhões foram recolhidos pelo programa.
Os impostos cobrados das
instituições financeiras registraram os maiores crescimentos em 2006 quando comparados a 2005. O Imposto de Renda (IR), por exemplo, alcançou
taxas de crescimento de
20,68% acima da inflação, enquanto a CSLL (Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido)
totalizou R$ 2,989 bilhões.
A explicação para esse desempenho não é o aumento da
tributação sobre os bancos,
mas disputas judiciais. Ao longo de 2005, os bancos deixaram
de recolher IR porque ganharam na Justiça o direito de deduzir do tributo parte das provisões que são obrigados a fazer
para compensar prejuízos.
No ano passado, os bancos
voltaram a recolher o imposto
normalmente, e a arrecadação
aumentou. No caso da CSLL, a
receita foi influenciada pelo aumento do pagamento das empresas de seguros, previdência
privada e leasing.
Em compensação, ao longo
de 2006, as instituições financeiras começaram a discutir judicialmente o pagamento do
PIS e da Cofins. Uma decisão
do STF (Supremo Tribunal Federal) permitiu que as empresas deduzissem os ganhos das
aplicações financeiras da base
de cálculo das contribuições.
Com isso, os bancos passaram a
abater essas receitas do tributo
devido à Receita. O resultado
foi uma queda de 13,08% na arrecadação da Cofins em 2006.
Umbigo
"O cara só olha para o próprio
umbigo. Quando começar a ver
um horizonte maior, talvez o
país comece a andar", criticou
Ricardo Pinheiro. Para o secretário, os bancos são "muito
criativos" e, quando ganham as
disputas no Judiciário, a receita do governo cai, mas quando
perdem "nem sempre aparece
aqui [na arrecadação".
As críticas de Pinheiro foram
rebatidas pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos)
em nota divulgada no início da
noite. "Os bancos, como qualquer contribuinte, discutem no
Judiciário o que julgam ser seu
direito [...]. A Febraban desconhece que algum associado esteja deixando de pagar o tributo
sem estar amparado em alguma decisão judicial", diz a nota.
Petrobras
O IR retido na fonte nas remessas ao exterior também
cresceu em 2006 por causa de
remessas de alto valor feitas em
setembro e pelo pagamento
que a Petrobras fez a seus acionistas fora do país em outubro.
A empresa também influenciou no crescimento de 12% no
pagamento de royalties, que somou R$ 20,556 bilhões no ano
passado. Por fim, o IR das pessoas físicas cresceu 11% em relação a 2005 por causa do imposto pago na venda de bens ou
ganhos em aplicações financeiras.
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