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Brasil atrai mais capital na América Latina
País deve receber a metade do investimento de US$ 55 bilhões previsto para toda a região em 2007, prevê estudo do IIF
Brasil deverá ser único país latino-americano a crescer mais que em 2006; ainda
assim, taxa será inferior à da maioria dos vizinhos
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O fluxo de capital para os
mercados emergentes deve dar
um salto na América Latina de
quase US$ 10 bilhões, ao passar
de US$ 46 bilhões em 2006 para US$ 55 bilhões em 2007. O
aumento será alavancado pela
economia brasileira, que deve
ser a única da região a ter um
desempenho melhor do que o
obtido no ano anterior.
O crescimento do PIB brasileiro, previsto para 3,8%, ajudará a equilibrar o estrago causado pela provável desaceleração
da economia venezuelana, que
deverá crescer metade dos
10,4% alcançados em 2006. Os
dados são do relatório "Fluxo
de Capitais para Mercados
Emergentes 2007", do Instituto Internacional de Finanças
(IIF na sigla em inglês), divulgado na manhã de ontem.
A associação global de instituições financeiras reúne 360
membros de 60 países e faz
anualmente previsão do comportamento econômico e do dinheiro estrangeiro que deve
entrar na economia de 30 países considerados emergentes.
De acordo com o relatório, o
crescimento do PIB da América
Latina cairá de 4,8% para 4,2%.
Apesar disso e de o fluxo de investimento direto no Brasil estar projetado para os mesmos
US$ 13 bilhões de 2004/2005, o
IIF acredita que o país deve ser
o destino que atrairá mais investimento de portfólio em toda a região (US$ 12 bilhões) e
metade de todo o investimento
líquido (US$ 26 bilhões).
De resto, o relatório é otimista em relação à saúde econômica global, ao afirmar que o fluxo
de capitais para mercados
emergentes em geral deve ficar
em US$ 470 bilhões em 2007,
longe do valor do ano passado
(US$ 502 bilhões) e do recorde
histórico (US$ 509 bilhões em
2005), mas um número robusto se comparado aos valores do
começo da década.
Exemplos
Para Charles Dallara, diretor-gerente do IIF, os países da
América Latina deveriam seguir o caminho do Brasil e do
México, que alcançaram estabilidade macroeconômica e
baixa inflação. "A inflação brasileira está próxima da norte-americana", disse o economista
no encontro com os jornalistas
que se seguiu à divulgação do
relatório. "Se tivéssemos levantado essa hipótese há dez anos,
as pessoas diriam que estávamos loucos."
Dallara não descarta o risco
de uma contaminação da região
por recentes atitudes dos governos da Venezuela e da Bolívia em direção à nacionalização
de empresas de setores considerados estratégicos.
"Seria lamentável se as percepções globais sobre a região
fosse afetadas por países como
Venezuela, Bolívia e Equador,
que correspondem a menos de
10% do PIB da região", disse o
economista. "Mas existe um
risco, e isso pode deixar os investidores inquietos."
Menos otimista se mostrou
William Rhodes. "Os investidores estão impressionados pela
melhora realizada nos fundamentos econômicos de vários
países emergentes", afirmou o
vice-presidente do IIF e presidente mundial do Citibank, para depois citar México e Brasil
como exemplos do que dizia.
"Mas há riscos potenciais nas
finanças dos mercados emergentes, que exigem uma mentalidade de gerenciamento de
risco por parte dos investidores
e a adoção de uma política econômica de crescimento sustentado por parte dos governos."
Otimismo mundial
Apesar da diminuição do ritmo, o fluxo de capital para economias emergentes em 2007
será o terceiro maior da história e baterá alguns recordes, daí
o tom em geral otimista do relatório. É o caso do investimento
direto líquido, que pulará para
US$ 211 bilhões, ante US$ 185
bilhões em 2006. O país a receber a maior parte continuará
sendo a China: US$ 55 bilhões.
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