São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

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Brasil atrai mais capital na América Latina

País deve receber a metade do investimento de US$ 55 bilhões previsto para toda a região em 2007, prevê estudo do IIF

Brasil deverá ser único país latino-americano a crescer mais que em 2006; ainda assim, taxa será inferior à da maioria dos vizinhos


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O fluxo de capital para os mercados emergentes deve dar um salto na América Latina de quase US$ 10 bilhões, ao passar de US$ 46 bilhões em 2006 para US$ 55 bilhões em 2007. O aumento será alavancado pela economia brasileira, que deve ser a única da região a ter um desempenho melhor do que o obtido no ano anterior.
O crescimento do PIB brasileiro, previsto para 3,8%, ajudará a equilibrar o estrago causado pela provável desaceleração da economia venezuelana, que deverá crescer metade dos 10,4% alcançados em 2006. Os dados são do relatório "Fluxo de Capitais para Mercados Emergentes 2007", do Instituto Internacional de Finanças (IIF na sigla em inglês), divulgado na manhã de ontem.
A associação global de instituições financeiras reúne 360 membros de 60 países e faz anualmente previsão do comportamento econômico e do dinheiro estrangeiro que deve entrar na economia de 30 países considerados emergentes.
De acordo com o relatório, o crescimento do PIB da América Latina cairá de 4,8% para 4,2%. Apesar disso e de o fluxo de investimento direto no Brasil estar projetado para os mesmos US$ 13 bilhões de 2004/2005, o IIF acredita que o país deve ser o destino que atrairá mais investimento de portfólio em toda a região (US$ 12 bilhões) e metade de todo o investimento líquido (US$ 26 bilhões).
De resto, o relatório é otimista em relação à saúde econômica global, ao afirmar que o fluxo de capitais para mercados emergentes em geral deve ficar em US$ 470 bilhões em 2007, longe do valor do ano passado (US$ 502 bilhões) e do recorde histórico (US$ 509 bilhões em 2005), mas um número robusto se comparado aos valores do começo da década.

Exemplos
Para Charles Dallara, diretor-gerente do IIF, os países da América Latina deveriam seguir o caminho do Brasil e do México, que alcançaram estabilidade macroeconômica e baixa inflação. "A inflação brasileira está próxima da norte-americana", disse o economista no encontro com os jornalistas que se seguiu à divulgação do relatório. "Se tivéssemos levantado essa hipótese há dez anos, as pessoas diriam que estávamos loucos."
Dallara não descarta o risco de uma contaminação da região por recentes atitudes dos governos da Venezuela e da Bolívia em direção à nacionalização de empresas de setores considerados estratégicos.
"Seria lamentável se as percepções globais sobre a região fosse afetadas por países como Venezuela, Bolívia e Equador, que correspondem a menos de 10% do PIB da região", disse o economista. "Mas existe um risco, e isso pode deixar os investidores inquietos."
Menos otimista se mostrou William Rhodes. "Os investidores estão impressionados pela melhora realizada nos fundamentos econômicos de vários países emergentes", afirmou o vice-presidente do IIF e presidente mundial do Citibank, para depois citar México e Brasil como exemplos do que dizia. "Mas há riscos potenciais nas finanças dos mercados emergentes, que exigem uma mentalidade de gerenciamento de risco por parte dos investidores e a adoção de uma política econômica de crescimento sustentado por parte dos governos."

Otimismo mundial
Apesar da diminuição do ritmo, o fluxo de capital para economias emergentes em 2007 será o terceiro maior da história e baterá alguns recordes, daí o tom em geral otimista do relatório. É o caso do investimento direto líquido, que pulará para US$ 211 bilhões, ante US$ 185 bilhões em 2006. O país a receber a maior parte continuará sendo a China: US$ 55 bilhões.


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