São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

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análise

Procura por emergentes pode criar bolha

DA REUTERS

Empresas estão tentando escapar da crise de crédito e da desaceleração econômica na Europa e na América do Norte buscando crescimento através de aquisições em mercados emergentes, mas elas podem estar entrando no que pode se revelar a próxima bolha.
Bancos de investimentos querem manter o mundo corporativo engajado em fusões e aquisições em países em desenvolvimento, como forma de garantir crescimento das receitas e também como mecanismo de proteção contra um revés econômico nos seus mercados domésticos.
Mas o aumento do preço das companhias, em alguns casos com valor maior do que as empresas de mercados maduros, tem ampliado o temor de que o mercado possa estar superaquecido.
"Podemos estar vendo o começo de uma bolha nos mercados emergentes", disse Ludovic de Montille, presidente-executivo da unidade britânica do banco francês BNP Paribas.
"Existe uma competição por ativos e também algumas avaliações que alcançaram níveis que levam em conta a continuidade do crescimento, e os mercados emergentes são atualmente cíclicos."
Empresas estão investindo em economias como China e Índia, bem como na Europa Oriental e na Turquia, em busca de expansão acelerada nesses mercados.
Normalmente, esses acordos avaliam os ativos com base nas perspectivas futuras de fluxo de caixa -e alguns banqueiros estão preocupados com o fato de algumas análises ignorarem riscos geopolíticos e a possibilidade de uma recessão.
De qualquer forma, a intensa competição por negócios nos países emergentes está levando a nível recorde de preços de ativos, particularmente no setor bancário.
Os bancos europeus costumam ser avaliados em acordos de fusões e aquisições em cerca de uma vez e meia seu valor contábil. Mas instituições financeiras de países como Polônia, Turquia e Ucrânia têm sido vendidas por um preço cerca de três a quatro vezes seu valor contábil.
Uma explicação para a diferença é o espaço para crescimento nesses países. Ao mesmo tempo, essas perspectivas de expansão atraem mais potenciais compradores e empurram preços dos ativos ainda mais para cima.
Leilões de bancos na Turquia e na Europa Oriental atraem com freqüência instituições financeiras globais. O leilão do banco turco Denizbank em 2006, por exemplo, despertou interesse de pesos-pesados como Citigroup, Intesa, Société Generale e BNP . Acabou vendido ao belgo-francês Dexia, que pagou quase quatro vezes o valor contábil da instituição.
Aliado a isso, o número de oportunidades de fusões e aquisições em países desenvolvidos encolheu, e mais e mais empresas olham para mercados emergentes.
"Se o valor dos ativos em mercados emergentes subir demais -outros 20% ou 30%- sem uma mudança nos fundamentos macroeconômicos, eles estarão superestimados", disse um executivo de "private equity".


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