São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

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Inflação diminui ritmo no início do ano

Apesar de reajustes no setor de educação, alimentos pressionam menos em janeiro, apontam indicadores da Fipe e da FGV

Desaceleração no atacado faz com que alta do IGP-10 fique em 1,02%, ante 1,59% no dado anterior; IPC da Fipe recua de 0,81% para 0,71%

DA FOLHA ONLINE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os preços dos materiais escolares e os reajustes de mensalidades ganharam força e superaram a elevação dos preços dos alimentos, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP).
A desaceleração dos preços dos alimentos fez com que o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) calculado pela fundação referente à segunda quadrissemana do mês -30 dias até 15 de janeiro- diminuísse o ritmo para 0,71% (contra 0,81% no período anterior).
Os preços na categoria Educação tiveram alta de 1,87%, contra 0,83% no período anterior. Foi o maior índice desde a segunda quadrissemana de fevereiro do ano passado, quando registrou alta de 2%.
Já na categoria Alimentação a alta recuou para 1,66%, contra 2,03% na abertura do mês. Foi o menor índice desde a terceira quadrissemana de novembro, quando houve alta de 1,05%.
Outro índice de inflação divulgado ontem mostrou desaceleração. O IGP-10 (Índice Geral de Preços-10), da Fundação Getulio Vargas, detectou queda nos preços no atacado.
Apesar de alguns itens administrados apresentarem tendência de alta, segundo o IGP-10, como o grupo Educação, Leitura e Recreação, os produtos agrícolas deverão exercer menos impacto daqui para a frente, dando um "certo alívio", como definiu o economista da FGV Salomão Quadros.
O IGP-10 registrou desaceleração em janeiro e subiu 1,02%, contra alta de 1,59% um mês antes. A desaceleração do IPA (Índice de Preços no Atacado) foi uma das principais influências para o resultado do IGP-10 de janeiro. O IPA deste mês registrou alta de 1,17%, ante 2,15% de crescimento verificado em dezembro.
O IPA-10 de janeiro teve impacto da queda do preço dos produtos agropecuários, que fizeram com que o grupo Alimentação registrasse alta de 0,86% em janeiro, depois de aumento de 5,10% em dezembro. Os principais impactos vieram de bovinos (-2,12% em janeiro, ante alta de 10,83% em dezembro), batata-inglesa (-24,35%, ante alta de 2,68%). O feijão também teve desaceleração no atacado, apresentando variação positiva de 0,91% em janeiro, depois de ter subido 46,89% no mês passado.

Cenário em 2008
O coordenador do IPC, Márcio Nakane, afirma que o aumento nos preços relacionados à educação é um fenômeno sazonal, causados pelo início do ano letivo nas escolas. Apesar do avanço, Nakane diz que os preços do setor não têm subido acima da inflação. "Temos percebido que as escolas aplicam reajuste similar ao índice de inflação dos últimos 12 meses."
Nakane estima que, neste ano, os preços dos alimentos devem continuar pressionando a inflação, mas avalia que o choque de preços verificado em dezembro já se dissipou.
Para ele, o padrão de inflação em 2008 deve ser mais parecido com o de 2007, em que os alimentos foram os responsáveis pela alta de preços, do que nos três anos anteriores, quando o preço dos alimentos ajudava a conter o índice.
Neste ano, Nakane aponta ainda que, por causa da melhora de indicadores econômicos como renda, desemprego e acesso ao crédito, os preços dos serviços tendem a pressionar a inflação. "Aos poucos, temos observado a pressão do setor de serviços sobre os preços. A melhora dos indicadores que estamos vendo, claro, é uma coisa boa, mas de alguma forma pressiona a inflação."


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