São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

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"Inflação da moda" sobe menos que índice geral nos últimos sete anos

DA SUCURSAL DO RIO

Os preços dos produtos e serviços ligados à indústria da moda subiram menos do que a taxa da inflação nos últimos sete anos. Cálculos do economista André Braz, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), mostram que de 2001 a 2007 o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) acumulou alta 57,04%, enquanto o índice de produtos da indústria da moda subiu 35,15%.
Segundo Braz, a diferença entre o avanço da inflação e os preços no setor pode ser atribuída ao aumento da concorrência no varejo e à entrada cada vez maior de produtos importados.
"Esse setor tem uma concorrência acirrada, os varejistas vendem roupas a crédito. Além disso, uma variável forte para o setor é o aumento do volume de importação de produtos, especialmente os chineses", disse.
O valor das importações passou de US$ 141 milhões em 2001 para US$ 486 milhões em 2007. Em volume, de 18 mil toneladas para 40 mil toneladas no período.
Movimento similar ocorreu nos EUA, onde a inflação acumulou alta de 20,72% e o setor de vestuário teve queda de 7,46% de 2001 a 2007. Nos países que adotam o euro, a variação dos preços de roupas foi de 8,37% no período e a inflação subiu 17,02%. "Em economias globalizadas, o setor ficou sujeito ao aumento da concorrência com a entrada de produtos asiáticos", afirmou.
As roupas femininas acumularam alta de 23,04% de 2001 a 2007. As roupas íntimas e os vestidos registraram as taxas mais expressivas, de 39,66% e 33,99%, respectivamente. Em compensação, os agasalhos ficaram 14,55% mais baratos.
As roupas masculinas subiram 27,94%. O item com alta mais significativa foi o blazer, com 60,54%.
Se, na média, os produtos ligados à indústria da moda mostraram um fôlego menor do que o da inflação, itens com menor concorrência subiram em ritmo mais acelerado. Os acessórios registraram alta de 48,97%. Os líderes no aumento de preços foram os artigos de higiene e maquiagem, com 54,51%. Dentro dessa categoria, os perfumes subiram 69,61% e os sabonetes, 50,45%.
Para Braz, a alta de preços desses produtos se relaciona ao aumento da renda, que contribuiu para que mais pessoas incluíssem artigos de higiene e maquiagem na sua cesta de produtos. Além disso, alguns itens se tornaram de uso mais disseminado nos últimos anos, como hidratante e protetor solar.
Desde 2001, os serviços registram acumulam alta de 39,36%. Mais sofisticados, os salões de beleza aumentaram preços em 38,59%.
Segundo Braz, índice da moda acompanhou a tendência da inflação, apresentando variações menos expressivas. Houve ritmo mais lento de alta de 2003 a 2006 e aceleração em 2007. (JL)


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