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Mão-de-obra trava investimento de múlti
Empresa estrangeira aponta falta de profissional qualificado, sobretudo engenheiros, mostra pesquisa
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Falta mão-de-obra qualificada no Brasil, principalmente
engenheiros, o que emperra o
investimento de multinacionais com filiais no país.
Essa é a conclusão de um estudo de pesquisadores da Unicamp, USP, Unesp e PUC-MG,
que contou com o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo) e da Secretaria Estadual de
Desenvolvimento paulista.
O projeto, que durou dois
anos e terminou em setembro,
visou identificar entraves para
o investimento de multinacionais no país, sobretudo em pesquisa e desenvolvimento.
Em uma etapa, 81,7% das 88
filiais das maiores multinacionais no país responderam considerar que "a escassez de mão-de-obra qualificada será um fator crítico ou muito importante
nos próximos cinco anos".
Depois, dirigentes de 47 dessas empresas foram entrevistados: para 58,7%, a escassez de
mão-de-obra já é sentida.
"As empresas apontam que o
país tem mão-de-obra com boa
qualidade, mas em quantidade
insuficiente", diz Sérgio Queiroz, da Unicamp e coordenador
de ciência e tecnologia da Secretaria de Desenvolvimento.
"Isso pesa quando a multinacional escolhe em que país irá
instalar um laboratório de pesquisa", afirma Queiroz, que
também coordenou o projeto.
Dados da Unesco (Organização das Nações Unidas para
Educação, Ciência e Cultura)
apontam que o Brasil tem 462
pesquisadores por milhão de
habitantes, contra 708 na China e 5.294 no Japão.
O órgão aponta também que
o país investe 0,9% do PIB em
pesquisa, ante 1,3% na China e
2,7% nos EUA.
"A pesquisa nas empresas é
importante para o desenvolvimento do país porque exige
mão-de-obra especializada,
que gera salários melhores",
afirma Queiroz. Além disso,
diz, o desenvolvimento de novos produtos induz o crescimento de outras empresas.
A falta de profissionais qualificados no país já foi exposta
em outros levantamentos. A
Confederação Nacional da Indústria, por exemplo, informou
no ano passado que 56% das
cerca de 1.700 empresas consultadas apontaram escassez
de técnicos especializados.
Responsável pelas entrevistas com as múltis, Flávia Consoni afirma que os profissionais
que as empresas mais sentem
falta no mercado são os com diploma de ensino superior, principalmente engenheiros.
De acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e
o Desenvolvimento Econômico), 4,5% dos brasileiros com
diploma universitário se formaram em áreas ligadas à engenharia. A média entre os países
desenvolvidos é de 12,2% e de
15,6% no Chile.
"Levei dois anos para encontrar um engenheiro na área de
simulação numérica", disse o
gerente de tecnologia da Villares Metals, Celso Barbosa.
"Além da formação universitária, as multinacionais também apontaram que muitos
profissionais não dominam a
língua inglesa, fator essencial
para a pesquisa de ponta", disse
Consoni, que é pesquisadora da
USP e da Unicamp.
A pesquisa
A amostra de multinacionais
para o estudo foi feita a partir
do cruzamento de três critérios: a lista do "Maiores Valor
Econômico - 2005"; empresas
presentes no Brasil que constem no "R&D Scoreboard
2005", publicação no Reino
Unido que apresenta um ranking com as mil maiores empresas do mundo com maiores
investimentos em pesquisa e
desenvolvimento; e conhecimento prévio dos integrantes
da pesquisa.
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