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Após três trimestres de alta, risco de calote volta a cair
Qualidade do crédito no país melhora com elevação da renda, mostra pesquisa
Levantamentos apontam, também, o crescimento da confiança do trabalhador em relação à economia e
ao seu futuro financeiro
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de um notável aumento por conta das consequências da crise econômica
internacional, a probabilidade
de inadimplência do consumidor brasileiro começou a diminuir no último trimestre de
2009, segundo levantamento
feito pela Serasa Experian.
Nos três meses finais do ano
passado, o indicador de qualidade do crédito, medido pela
entidade, subiu para 78,6 pontos. O máximo da escala é 100, e
as chances de calote são dadas
pelo intervalo que falta para
que tal pontuação seja atingida
-nesse caso, 21,4%.
Para chegar ao número, a entidade considerou informações
individuais dos consumidores,
como salários e dívidas não quitadas anteriormente, e aplica
um modelo estatístico.
A melhora verificada recentemente foi mais pronunciada
entre as pessoas das classes baixas, com renda de até R$ 1.000
por mês. "Da mesma forma que
havia sido a mais penalizada
pelos efeitos das turbulências,
essa parcela da população também está se recuperando mais
rapidamente, devido ao crescimento do emprego e dos rendimentos do trabalhador, o que
lhe dá condições de honrar os
seus compromissos", explica
Luiz Rabi, gerente de indicadores da Serasa Experian.
Esse panorama favorável é
confirmado pela primeira pesquisa de abrangência nacional
de endividamento e inadimplência feita pela CNC (Confederação Nacional do Comércio). Pelo levantamento, mais
da metade (60%) dos brasileiros possuía, em dezembro, alguma dívida, mesmo que de
simples compras parceladas no
cartão, mas somente 9% afirmaram que não terão condições de pagá-la em janeiro.
A leitura que a CNC faz dos
dados é otimista, sugerindo que
há espaço para aumentar o crédito, especialmente se os juros
forem menores. "Apesar das taxas de juros elevadas, somente
9% dos brasileiros vão começar
o ano temendo não pagar suas
dívidas. Isso mostra que não se
justifica a cobrança pelos bancos de um "spread" [margem entre a taxa para captar o dinheiro
e a empregada para emprestá-lo] tão alto", afirma o economista-chefe da CNC, Carlos
Thadeu de Freitas Gomes.
Confiança
As sondagens a respeito da
confiança do consumidor respaldam a avaliação de que a
concessão de empréstimos e financiamentos pode subir mais
no país nos próximos meses.
Segundo uma pesquisa mundial realizada pela consultoria
Nielsen, o brasileiro é o terceiro
povo mais otimista com a economia no momento. "No Brasil, 64% acreditam que a recessão já passou, ante 22% na Argentina e apenas 10% nos Estados Unidos. Além disso, existe a
percepção de que as perspectivas para o mercado de trabalho
e para as finanças pessoais de
cada um são boas", explica José
Reinaldo Riscal, gerente de desenvolvimento de negócios da
Nielsen Brasil.
Mesmo assim, a expectativa
da Serasa é que as taxas de inadimplência se estabilizem por
volta do meio do ano, após caírem mais nos dois primeiros
trimestres de 2010. "O ritmo de
geração de novos empregos
tende a se desacelerar. Além
disso, as famílias estão se endividando mais do que antes",
destaca Rabi.
(DENYSE GODOY e ANTÔNIO GOIS)
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