São Paulo, terça-feira, 19 de janeiro de 2010

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Após três trimestres de alta, risco de calote volta a cair

Qualidade do crédito no país melhora com elevação da renda, mostra pesquisa

Levantamentos apontam, também, o crescimento da confiança do trabalhador em relação à economia e ao seu futuro financeiro

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de um notável aumento por conta das consequências da crise econômica internacional, a probabilidade de inadimplência do consumidor brasileiro começou a diminuir no último trimestre de 2009, segundo levantamento feito pela Serasa Experian.
Nos três meses finais do ano passado, o indicador de qualidade do crédito, medido pela entidade, subiu para 78,6 pontos. O máximo da escala é 100, e as chances de calote são dadas pelo intervalo que falta para que tal pontuação seja atingida -nesse caso, 21,4%.
Para chegar ao número, a entidade considerou informações individuais dos consumidores, como salários e dívidas não quitadas anteriormente, e aplica um modelo estatístico.
A melhora verificada recentemente foi mais pronunciada entre as pessoas das classes baixas, com renda de até R$ 1.000 por mês. "Da mesma forma que havia sido a mais penalizada pelos efeitos das turbulências, essa parcela da população também está se recuperando mais rapidamente, devido ao crescimento do emprego e dos rendimentos do trabalhador, o que lhe dá condições de honrar os seus compromissos", explica Luiz Rabi, gerente de indicadores da Serasa Experian.
Esse panorama favorável é confirmado pela primeira pesquisa de abrangência nacional de endividamento e inadimplência feita pela CNC (Confederação Nacional do Comércio). Pelo levantamento, mais da metade (60%) dos brasileiros possuía, em dezembro, alguma dívida, mesmo que de simples compras parceladas no cartão, mas somente 9% afirmaram que não terão condições de pagá-la em janeiro.
A leitura que a CNC faz dos dados é otimista, sugerindo que há espaço para aumentar o crédito, especialmente se os juros forem menores. "Apesar das taxas de juros elevadas, somente 9% dos brasileiros vão começar o ano temendo não pagar suas dívidas. Isso mostra que não se justifica a cobrança pelos bancos de um "spread" [margem entre a taxa para captar o dinheiro e a empregada para emprestá-lo] tão alto", afirma o economista-chefe da CNC, Carlos Thadeu de Freitas Gomes.

Confiança
As sondagens a respeito da confiança do consumidor respaldam a avaliação de que a concessão de empréstimos e financiamentos pode subir mais no país nos próximos meses.
Segundo uma pesquisa mundial realizada pela consultoria Nielsen, o brasileiro é o terceiro povo mais otimista com a economia no momento. "No Brasil, 64% acreditam que a recessão já passou, ante 22% na Argentina e apenas 10% nos Estados Unidos. Além disso, existe a percepção de que as perspectivas para o mercado de trabalho e para as finanças pessoais de cada um são boas", explica José Reinaldo Riscal, gerente de desenvolvimento de negócios da Nielsen Brasil.
Mesmo assim, a expectativa da Serasa é que as taxas de inadimplência se estabilizem por volta do meio do ano, após caírem mais nos dois primeiros trimestres de 2010. "O ritmo de geração de novos empregos tende a se desacelerar. Além disso, as famílias estão se endividando mais do que antes", destaca Rabi. (DENYSE GODOY e ANTÔNIO GOIS)



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