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CVM acelera acordos para encerrar inquéritos
Objetivo é desestimular crime de vazamento de informação; especialista afirma que valores são baixos
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) conseguiu encerrar no final do ano passado, por
meio de acordo, alguns dos
mais antigos processos administrativos de investigação em
andamento, a maioria sobre
utilização de informação privilegiada e abuso de poder em relação aos acionistas minoritários. Os acordos somaram R$
48 milhões, o maior volume alcançado, a título de desestímulo (não se trata de multa) por
eventuais danos ao mercado.
Nos termos de compromisso
celebrados, os investigados
-ou acusados, se o processo já
estiver em curso- aceitam pagar uma quantia, normalmente
o dobro do eventual benefício
financeiro com o crime, para
encerrar o caso sem correr o
risco de uma condenação.
No caso, os investigados
saem ainda com a "ficha limpa"
no mercado de capitais, não
perdendo o eventual benefício
da "primariedade" em futuras
investigações.
No ano passado, foram julgados 48 processos administrativos e fechados 56 termos de
compromisso, a maioria no segundo semestre. Em 2008,
houve 42 julgamentos e 64
acordos. Segundo a CVM, o
prazo das investigações caiu de
mais de dois anos, até 2007, para cerca de um ano.
O maior acordo fechado no
ano passado foi de R$ 20 milhões, pagos por três ex-controladores e um executivo da AmBev para encerrar a investigação sobre abuso de poder e falha na divulgação do negócio
com a belga Interbrew, entre
outras irregularidades, em
2004. O banco Credit Suisse
aceitou pagar R$ 19,2 milhões
para encerrar a investigação sobre uso de informação privilegiada antes de a Embraer anunciar reestruturação em sua estrutura de capital, em 2005.
Segundo a presidente da
CVM, Maria Helena Santana, a
aceleração no ritmo dos acordos é o início do resultado do
trabalho da superintendência
criada em março de 2008 para
cuidar só dos processos de investigação. Até então, os processos eram distribuídos entre
as várias áreas, de acordo com a
natureza da investigação.
"É indício de começo de resultado do trabalho dessa superintendência. A gente criou essa superintendência com o objetivo de fazer acusações melhores, mais técnicas, mais focadas e mais rápidas. Essa superintendência encontrou um
certo estoque de assuntos e está trabalhando neles."
Para André Camargo, especialista em direito societário do
Insper, a CVM investiu nos últimos anos em sua capacitação
técnica para coibir o vazamento de informação, mas há um
longo caminho a percorrer. Ele
afirma que os valores dos acordos são baixos para coibir o crime. "Esses valores não inibem
condutas criminosas no futuro.
Esse criminoso é muito sofisticado, tem advogados, contadores. Sabe o risco de corre."
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