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Real perde mais valor no segundo dia
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
No segundo dia de flutuação livre
do câmbio, o real teve desvalorização de 9,44% entre o fechamento
de sexta-feira e o de ontem. Considerando-se a média ponderada
dos negócios nos dois dias, a desvalorização foi de 4,73%.
No acumulado desde a terça-feira, quando o governo mudou a política cambial, a desvalorização de
fechamento a fechamento foi de
23,84%. Média contra média, a
desvalorização está em 21,26%.
Como na sexta-feira, o mercado
de câmbio operou com poucos volumes e muita volatilidade ontem.
As cotações do dólar comercial
para venda abriram a R$ 1,52, bateram nos R$ 1,50 por volta das 11h e
subiram para até R$ 1,60.
"O mercado está esquisito. Os
agentes estão preferindo ficar de
fora, com medo de entrar no momento errado", diz Marco Antônio
Dias, chefe de mesa de interbancário de câmbio do BicBanco.
"O BC está fazendo um teste de
vestibular, está debutando na condição de autoridade monetária
num país de câmbio livre", disse.
Os movimentos no mercado interbancário de câmbio ficaram em
torno de US$ 1,5 bilhão, contra
US$ 6 bilhões antes da mudança.
Cada negócio, de cerca de US$ 1
milhão cada, demorava para sair.
Com medo de inadimplência dos
importadores, os investidores só
vendiam sabendo quem era o comprador. Se o importador não tiver
como honrar seus compromissos,
pode haver contaminação dos
bancos médios e pequenos.
O fluxo cambial continuou negativo, em US$ 212 milhões até as
20h. Os investidores consideraram
o número preocupante, visto que
ontem foi feriado em Nova York.
Na sexta-feira, a sangria de divisas
ficou em US$ 318 milhões.
Bolsa sobe 5,43%
A Bolsa de Valores de São Paulo
subiu 5,43% ontem, acumulando
uma alta de 40,66% desde sexta-feira, quando o Banco Central deixou o câmbio flutuar livremente. O
clima de otimismo se manteve.
Desde a mudança na política
cambial, as empresas brasileiras ficaram mais baratas para o estrangeiro, que volta lentamente ao
mercado. "Qualquer derrota nas
votações do Congresso, haverá pânico. É o inferno ou o paraíso",
acredita Marcelo Guterman, analista do Lloyds Asset Management.
"O governo tirou as rédeas da
moeda e a âncora da economia;
agora, é o ajuste fiscal."
A Bolsa abriu em baixa, de
3,88%, e chegou a subir 8,83%. O
dia foi de oscilações bruscas, com o
discurso do presidente FHC animando pouco o mercado.
Flávio Conde, analista-chefe do
Lloyds Asset Management, lembra
que nos países asiáticos que passaram por processos de desvalorização cambial semelhantes ao do
Brasil, enquanto a moeda local
perdia valor a Bolsa caía. Os mercados de ações só se recuperaram
quando as moedas voltaram a se
valorizar.
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