São Paulo, terça, 19 de janeiro de 1999

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Europa vê com dúvida economia do Brasil

ISABEL CLEMENTE
de Londres

A crise brasileira voltou a ser manchete do "Financial Times", o principal jornal econômico do Reino Unido. O jornal criticou a política econômica brasileira no seu principal editorial.
Em um texto intitulado "A queda do real", o diário diz que a sustentabilidade da âncora cambial sempre foi uma proposta "duvidosa".
O jornal diz que, por conta disso, não só o país deve repensar sua política cambial, mas também os governos que deram apoio a esse modelo de programa econômico (uma referência à participação do G-7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo, no pacote de ajuda liderado pelo Fundo Monetário Internacional para o Brasil).
O "Financial Times" diz que "os dias de âncoras cambiais ajustáveis acabaram, para sempre". E afirma que o Brasil tem "muito pouco tempo para apresentar uma política cambial alternativa". O texto cita o regime de paridade do peso argentino com o dólar como uma verdadeira política cambial e sugere este modelo para o Brasil.
Para o jornal, todo o mercado internacional deveria ter como "resolução de ano novo" não mais financiar "um país que dependa permanentemente de um câmbio ajustável para conter a inflação".
Ontem, o presidente do Banco Central Europeu, Wim Duisenberg, afirmou que a crise brasileira é um dos fatores de maior incerteza para a evolução econômica da zona do euro -formada pelos 11 países da União Européia que adotaram a moeda única desde o dia 1º de janeiro. As declarações foram feitas ao subcomitê de Assuntos Monetários do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
O ministro das Finanças francês, Dominique Strauss-Kahn, fez uma defesa do Brasil durante o encontro em Bruxelas. Strauss-Kahn afirmou que o país "poderá manter seu programa de saneamento orçamentário e resistir ao futuro".
O mercado europeu ontem compensou parte das perdas deflagradas pela crise brasileira na semana passada. As principais Bolsas fecharam com altas em torno de 2%, mas a desconfiança em relação ao Brasil continua alta. O mercado asiático também começou a semana registrando altas moderadas.


Com agências internacionais


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