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RUMOS DO REAL
Presidente cobra esforço para ajuste fiscal e diz que poder de compra dos salários será "menina dos olhos"
Inflação não pode retornar, afirma FHC
AUGUSTO GAZIR
Enviado especial ao Paraná
O presidente
Fernando Henrique Cardoso
manifestou ontem preocupação com a volta
da inflação e disse que espera o
"ressurgimento" do Plano Real.
"Se antes estávamos todos de
olhos fixos para ver até que ponto
as reservas se esvaíam ou não, se o
capital especulativo ajudaria ou
não, daqui para a frente temos de
estar de olhos fixos para impedir
que se aproveitem do momento
para aumentar preços desnecessariamente. Nós não vamos deixar
que haja carestia neste país", afirmou o presidente.
O presidente inaugurou ontem a
fábrica da Volkswagen/Audi em
São José dos Pinhais (Grande Curitiba).
Ele usou o ato para expressar
confiança no país e cobrar responsabilidade no momento de crise,
depois da desvalorização cambial.
Durante discurso de 12 minutos,
cobrou o ajuste fiscal do Congresso e a austeridade dos Estados.
Reafirmou que o Brasil só se "libertará" dos juros altos quando
acertar as contas públicas.
"Não há mais desculpa, não
adianta olhar para fora. Agora é
aqui dentro. Agora é o Congresso,
é o governo federal, são os governos estaduais. É a nossa competência em manter uma linha de austeridade com esperança, firmeza."
"Não gosto de ser criador de ilusões. Seria falso e não renderia
efeito positivo deixar de dizer que
o momento requer consciência do
nosso dever, responsabilidade e
noção de que teremos de ser austeros no manejo da vida pública."
O governador pefelista Jaime
Lerner (PR) também bateu na tecla
da confiança e prometeu apoio integral dos governadores a FHC.
Diante dos executivos alemães
da Volks, o presidente afirmou
que, para o Brasil exportar mais, a
União Européia tem de derrubar
suas barreiras protecionistas.
Em recado para os empresários
do ABC paulista, FHC pediu a valorização do trabalhador. Segundo
ele, antes de demitir, as indústrias
devem discutir e negociar.
No final, o presidente agradeceu
em alemão: "Danke schön. Auf
wiedersehen (Muito obrigado. Até
logo)".
Sob aplausos, FHC se dirigiu para a beira da tribuna onde discursava e deixou-se fotografar sorrindo e fazendo com o polegar o sinal
de positivo.
A seguir, os principais trechos do
discurso do presidente:
MENINA DOS OLHOS - FHC afirmou que o poder de compra do salário do trabalhador será "a menina dos olhos" da política econômica. "Que não se iludam os incautos
que queiram se precipitar e tirar
vantagens à custa do povo", disse.
O presidente afirmou ter experiência em combater a inflação.
RESSURGIMENTO - O presidente
citou entrevista do economista Edmar Bacha, um dos formuladores
do Real, publicada no último final
de semana pelo jornal "O Estado
de S.Paulo". "Ele (Bacha) disse que
podemos estar marcando o ressurgimento do Real. Tomara que seja
assim. Tomara que as dificuldades
que estamos enfrentando permitam abrir novos espaços para o desenvolvimento econômico, gerar
mais empregos. Tudo vai depender de decisões que são nossas."
UNIÃO EUROPÉIA - FHC pediu a
ajuda da Alemanha, que vai presidir a União Européia nos próximos meses, para derrubar as barreiras contra os produtos agrícolas
brasileiros. "Mais do que nunca, o
Brasil precisa exportar." O presidente disse que está orgulhoso do
Mercosul.
DESEMPREGO - FHC pediu aos
industriais que, antes de demitir,
pensem no trabalhador e no Brasil
e negociem soluções. Ele marcou
um encontro com Luiz Marinho,
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, presente também
no ato. A data não foi marcada.
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