MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

A indústria argentina recuperou parte do terreno perdido nos últimos anos. Em janeiro, o setor cresceu 16,4% em relação ao mesmo mês de 2002. Com o resultado, a indústria volta aos níveis de produção de 1999, quando as empresas argentinas sofreram o impacto da desvalorização do real, que reduziu as exportações da Argentina para o Brasil.
As altas mais fortes ocorreram nos setores que atendem ao mercado interno. No ano passado, as importações argentinas caíram 60%. O desaparecimento dos produtos importados das prateleiras dos supermercados abriu espaço para que parte da indústria de bens de consumo crescesse. O setor têxtil foi um dos mais beneficiados -a produção cresceu 179% sobre janeiro de 2002.
Ainda que não com a mesma força que a substituição de importados, o aumento das vendas externas também ajudou. A desvalorização do peso, em janeiro do ano passado, tornou os produtos argentinos mais baratos no exterior. Com o colapso econômico de 2002, as exportações encolheram 3%. Para este ano, a previsão é crescimento das vendas externas de cerca de 15%. A produção de motores para veículos e a da indústria mecânica cresceu mais de 85% -ambos os setores foram beneficiados tanto pela substituição de importação quanto pelo aumento da competitividade externa de seus produtos.

Pior da década
Em janeiro do ano passado a indústria argentina havia chegado ao fundo do poço. Aquele foi o pior mês da década para o setor. Assim, o crescimento de 16% do mês passado em relação a janeiro de 2002 também é explicado pela base de comparação baixa -em janeiro de 2002, a produção industrial caiu 18,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Recuperação lenta
Os dados de janeiro, no entanto, revelam uma tendência contínua de recuperação, ainda que lenta. A produção industrial cresceu em todos os meses do último trimestre de 2002 -quando comparada com a produção do mês anterior. Em janeiro, a alta da produção em relação a dezembro foi de 4%.
A recuperação do mês passado levou a indústria aos mesmos níveis de produção de 1999, ano em que a indústria local sofreu o impacto negativo da desvalorização do real. O Brasil é o destino de mais de um terço das exportações argentinas. O colapso da moeda brasileira reduziu as compras de produtos argentinos e ajudou a elevar a recessão iniciada em 98.


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