São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

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Entidades criticam Copom; Fiesp pede metas de inflação flexíveis

Para empresários, decisão compromete o 1º semestre

DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do governo de manter em 16,5% a taxa de juros básica da economia deve segurar investimentos -especialmente em estoques- e afetar o crescimento da economia no primeiro semestre. Essa é a avaliação de empresários ouvidos pela Folha.
"O Brasil continuará perdendo a chance de avançar mais rapidamente do que poderia", afirma José Augusto Marques, presidente da Abdib, associação que reúne a indústria de infra-estrutura.
Luis Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq, associação da indústria de máquinas, diz que "a taxa de juros nesse patamar desestimula a produção e vai afetar o crescimento do país".
O diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Julio Gomes de Almeida, ironizou a decisão do BC. "O governo manteve os juros porque o emprego e a produção estão crescendo, e isso está gerando inflação alta. Nada disso está acontecendo."
Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), afirmou, em nota, que a decisão do BC "rejeita uma das principais lições que aprendemos nos últimos anos: o regime de metas de inflação precisa ser flexível".
Também em nota, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, disse que a decisão do Copom "atua de forma negativa sobre as expectativas dos agentes econômicos, o que vai afetar decisões de investimento".
Em conseqüência da manutenção da Selic, a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) já projeta crescimento menor em 2004. A instituição está revendo sua estimativa de expansão do PIB de 4% para 2,5%.
"Essa suspensão no processo de queda dos juros abala a confiança dos empresários", afirma Miguel de Oliveira, presidente da Anefac.
CUT e Força Sindical também criticaram o "conservadorismo" do BC. "Manter o mesmo patamar de juros de janeiro é colocar em risco todas as metas de crescimento, continuar sacrificando os trabalhadores", diz o presidente da CUT, Luiz Marinho.
Para Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, a decisão do BC já compromete a retomada do crescimento: "Lula está deslumbrado com o poder e esqueceu de onde veio. Deveria intervir e mudar essa política econômica, que só favorece bancos".
Já para Roberto Troster, economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), o BC foi prudente. Segundo ele, se a queda de juros for retomada em breve, o crescimento econômico não será prejudicado em 2004.
O líder da bancada do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), disse que o noticiário nacional dos últimos dias justifica a medida.


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