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MAIS DO MESMO
Entidades criticam Copom; Fiesp pede metas de inflação flexíveis
Para empresários, decisão compromete o 1º semestre
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão do governo de manter em 16,5% a taxa de juros básica
da economia deve segurar investimentos -especialmente em estoques- e afetar o crescimento
da economia no primeiro semestre. Essa é a avaliação de empresários ouvidos pela Folha.
"O Brasil continuará perdendo
a chance de avançar mais rapidamente do que poderia", afirma José Augusto Marques, presidente
da Abdib, associação que reúne a
indústria de infra-estrutura.
Luis Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq, associação da
indústria de máquinas, diz que "a
taxa de juros nesse patamar desestimula a produção e vai afetar
o crescimento do país".
O diretor-executivo do Iedi
(Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Julio
Gomes de Almeida, ironizou a decisão do BC. "O governo manteve
os juros porque o emprego e a
produção estão crescendo, e isso
está gerando inflação alta. Nada
disso está acontecendo."
Horacio Lafer Piva, presidente
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), afirmou, em nota, que a decisão do
BC "rejeita uma das principais lições que aprendemos nos últimos
anos: o regime de metas de inflação precisa ser flexível".
Também em nota, o presidente
da CNI (Confederação Nacional
da Indústria), Armando Monteiro Neto, disse que a decisão do
Copom "atua de forma negativa
sobre as expectativas dos agentes
econômicos, o que vai afetar decisões de investimento".
Em conseqüência da manutenção da Selic, a Anefac (Associação
Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) já projeta crescimento
menor em 2004. A instituição está
revendo sua estimativa de expansão do PIB de 4% para 2,5%.
"Essa suspensão no processo de
queda dos juros abala a confiança
dos empresários", afirma Miguel
de Oliveira, presidente da Anefac.
CUT e Força Sindical também
criticaram o "conservadorismo"
do BC. "Manter o mesmo patamar de juros de janeiro é colocar
em risco todas as metas de crescimento, continuar sacrificando os
trabalhadores", diz o presidente
da CUT, Luiz Marinho.
Para Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, a decisão do BC já compromete a retomada do crescimento: "Lula está
deslumbrado com o poder e esqueceu de onde veio. Deveria intervir e mudar essa política econômica, que só favorece bancos".
Já para Roberto Troster, economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), o BC
foi prudente. Segundo ele, se a
queda de juros for retomada em
breve, o crescimento econômico
não será prejudicado em 2004.
O líder da bancada do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), disse que o noticiário nacional dos
últimos dias justifica a medida.
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