São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

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CARTEL

Suspeita é que executivos combinam preços para fraudar concorrências

Polícia investiga 4 empresas de gás

DIOGO PINHEIRO
DA FOLHA CAMPINAS

A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual realizaram ontem uma operação conjunta nas quatro maiores empresas do país do setor de gás industrial, acusadas de formação de cartel para fraudar concorrências públicas.
A suspeita da Secretaria de Direito Econômico, órgão ligado ao Ministério da Justiça, é que executivos das empresas White Martins Gases Industriais Ltda., de Campinas, Aga S.A., de Jundiaí, Air Products Gases Industriais Ltda. e Air Liquide Brasil Ltda., ambas de São Paulo, negociam as licitações públicas e combinam preços para fraudar as concorrências.
De acordo com a Polícia Civil, gravações telefônicas feitas com autorização da Justiça há dois meses apontam indícios de cartelização. O teor dos diálogos gravados não foi revelado.
As empresas controlam 95% do mercado de oxigênio e nitrogênio no Brasil e movimentam cerca de R$ 2,5 bilhões por ano, segundo a secretaria.
Em novembro do ano passado, a SDE encaminhou ao Ministério Público de São Paulo uma denúncia contra as empresas com a suspeita de formação de cartel.
Com base na denúncia, a 2ª Delegacia da Divecar (Divisão de Investigação de Roubos e Furtos de Veículos de Cargas), do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), instaurou inquérito e começou a monitorar conversas de executivos das quatro empresas.
No início desta semana, a juíza-corregedora da Polícia Judiciária do Estado, Ivana David Barrero, expediu mandado de busca e apreensão nas empresas.
O mandado foi cumprido ontem. A Polícia Civil e o Ministério Público apreenderam documentos relativos aos processos de licitação e computadores.
As empresas e seus representantes podem ser denunciados por crime contra a economia, formação de cartel e formação de quadrilha, segundo a polícia.

Outro lado
A assessoria de imprensa da White Martins informou que a empresa tomou conhecimento do inquérito na tarde de ontem.
Hoje, a empresa vai analisar o caso e apurar as informações para tomar as providências cabíveis, segundo a assessoria.
A Folha tentou localizar representantes da Aga, da Air Product e da Air Liquide, mas ninguém foi encontrado para comentar o assunto após as 19h de ontem.


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