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LEITE DERRAMADO
Instalação da comissão mista ainda depende de publicação do requerimento e indicação de integrantes
CPI da Parmalat já tem o apoio necessário
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, José
Sarney, recebeu ontem da Comissão da Parmalat na Câmara dos
Deputados o pedido de instalação
de uma CPI mista (Comissão Parlamentar de Inquérito), para apurar as irregularidades da empresa.
No Senado, as assinaturas necessárias para a instalação da comissão foram recolhidas pela líder do
PT, Ideli Salvatti (PT-SC), e, na
Câmara, pelo relator da Comissão
da Parmalat, Assis Miguel do
Couto (PT-PR).
Ao todo, foram recolhidas 195
assinaturas de deputados e 32 de
senadores -o número mínimo
de assinaturas para a instalação
de uma comissão de inquérito é
de 171 na Câmara e 27 no Senado.
Como se trata de uma CPI mista, a
comissão não precisa aguardar na
fila de requerimentos de inquérito. O funcionamento da CPI ainda depende da publicação do requerimento e da indicação dos
seus integrantes.
O pedido de CPI é o resultado
da apuração da Comissão da Parmalat na Câmara dos Deputados.
Foram ouvidos gestores da Parmalat Alimentos, da Parmalat
Participações e da Carital. Os deputados ficaram insatisfeitos com
os depoimentos, pois não revelaram, por exemplo, quando e como surgiu a dívida de US$ 2,46 bilhões da empresa no país. Além
disso, os deputados ficaram intrigados, pois os gestores afirmaram
que a Parmalat no Brasil há anos
não é rentável, mas nesse período
recebia recursos da matriz.
Divisão da empresa
O governo está disposto a
apoiar financeiramente as cooperativas que eventualmente venham a arrendar fábricas da Parmalat, segundo declarações do
ministro da Agricultura, Roberto
Rodrigues. "[As cooperativas] receberiam apoio financeiro de órgãos privados ou públicos", afirmou Rodrigues, ao defender novamente a idéia de dividir a Parmalat de forma que cada uma das
unidades de produção ficasse sob
o controle de uma cooperativa.
Rodrigues, no entanto, não detalhou como seria possível ajudar
as cooperativas, caso a operação
de fatiamento saia do papel. "Enquanto não soubermos quem vai
assumir o que e o tamanho de cada dívida é impossível desenhar
um programa de apoio", disse.
Embora defenda o arrendamento das diferentes unidades de
produção da Parmalat para cooperativas, Rodrigues deixou claro
que, no momento, o governo não
pode fazer nada para levar adiante o processo. "É preciso dar tempo ao tempo", afirmou ele.
O controle da Parmalat no Brasil está nas mãos de um interventor, que assumiu a empresa com
base em liminar da Justiça, concedida pelo juiz da 42ª Vara Cível de
São Paulo, Carlos Abraão.
"A intervenção tem o objetivo
de cuidar da empresa, de sanear a
empresa", afirmou o ministro,
cuja meta é fatiar rapidamente a
companhia para tentar reorganizar o mercado de leite no país.
Rodrigues afirmou que o afastamento da diretoria da empresa e a
chegada do interventor "criaram
uma nova realidade". A idéia de
dividir a Parmalat entre as cooperativas já estava sendo negociada
com a diretoria da empresa.
As negociações continuam com
o interventor. Mas a própria precariedade da situação do interventor, que só está no comando
devido a uma liminar, limita a capacidade de ação do governo.
O ministro deixou claro que o
fatiamento da Parmalat seria feito
com base em acordo entre os interessados no negócio -a empresa,
os credores e as cooperativas. O
governo não pretende intervir diretamente na questão nem impor
a divisão da empresa.
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