São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

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Matriz quer responsabilizar banco

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O interventor do governo italiano no grupo Parmalat, Enrico Bondi, notificou ontem o banco Sumitomo Mitsui Brasileiro que ele será responsabilizado "por quaisquer prejuízos causados à Parmalat do Brasil S/A Indústria de Alimentos e a seus credores pelos interventores" que assumiram a empresa na semana passada.
A intervenção foi decretada pelo juiz da 42ª Vara Cível, Carlos Henrique Abrão, no âmbito da ação cautelar movida pelo Sumitomo em janeiro para garantir seus créditos junto à Parmalat.
A notificação foi encaminhada ao banco pelos advogados do grupo italiano, o escritório Felsberg e Associados. "Se a Parmalat falir nas mãos dos interventores, o banco Sumitomo será responsabilizado. A Parmalat italiana não aceita a alegação do banco de que a responsabilidade pela intervenção é da Justiça", diz Thomas Felsberg.
Segundo o advogado, a diretoria afastada da empresa estava negociando com bancos, com o governo e já tinha contratos assinados com fundos de investimentos - locais e internacionais- para levantar recursos e viabilizar a continuidade da Parmalat Alimentos. "Com a intervenção todos esses esforços foram interrompidos. Cabe, agora, ao Sumitomo e à equipe nomeada por ele, ou com sua anuência, dar continuidade a esse processo, contando com os vastos recursos do banco para fazê-lo", diz Felsberg.
Os advogados da Parmalat dizem que, por diversas vezes, tentaram negociar com os advogados do Sumitomo -do escritório Pinheiro Neto- para que o banco desistisse da ação contra a Parmalat. "O banco se negou. O Sumitomo deve ter entendido que, com seu crédito de US$ 10 milhões, seria maravilhoso assumir uma empresa que vale US$ 500 milhões", diz Felsberg.
Nesses contatos, segundo Felsberg, os advogados do Sumitomo sempre insistiram em que não pediram a intervenção na Parmalat e que a iniciativa da medida foi do juiz Abrão. "Mas eles nada fizeram para evitar isso", acrescenta.
Carlos Miguel Aidar, um dos advogados da Parmalat diz que, "se o juiz foi além do que o Sumitomo pedia em sua ação, o banco poderia recorrer". Procurados ontem no início da noite pela Folha, os advogados do Sumitomo não foram localizados.
Na semana passada, entretanto, Luiz Fernando Paiva, um dos advogados do escritório Pinheiro Neto, já havia declarado que o Sumitomo não requereu a intervenção. Portanto não tem qualquer responsabilidade por ela.
O juiz Abrão declarou que a responsabilidade é do Estado e transformou a ação do banco em uma ação de natureza coletiva.


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