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Matriz quer responsabilizar banco
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O interventor do governo italiano no grupo Parmalat, Enrico
Bondi, notificou ontem o banco
Sumitomo Mitsui Brasileiro que
ele será responsabilizado "por
quaisquer prejuízos causados à
Parmalat do Brasil S/A Indústria
de Alimentos e a seus credores pelos interventores" que assumiram
a empresa na semana passada.
A intervenção foi decretada pelo
juiz da 42ª Vara Cível, Carlos
Henrique Abrão, no âmbito da
ação cautelar movida pelo Sumitomo em janeiro para garantir
seus créditos junto à Parmalat.
A notificação foi encaminhada
ao banco pelos advogados do grupo italiano, o escritório Felsberg e
Associados. "Se a Parmalat falir
nas mãos dos interventores, o
banco Sumitomo será responsabilizado. A Parmalat italiana não
aceita a alegação do banco de que
a responsabilidade pela intervenção é da Justiça", diz Thomas
Felsberg.
Segundo o advogado, a diretoria afastada da empresa estava negociando com bancos, com o governo e já tinha contratos assinados com fundos de investimentos
- locais e internacionais- para
levantar recursos e viabilizar a
continuidade da Parmalat Alimentos. "Com a intervenção todos esses esforços foram interrompidos. Cabe, agora, ao Sumitomo e à equipe nomeada por ele,
ou com sua anuência, dar continuidade a esse processo, contando com os vastos recursos do banco para fazê-lo", diz Felsberg.
Os advogados da Parmalat dizem que, por diversas vezes, tentaram negociar com os advogados do Sumitomo -do escritório
Pinheiro Neto- para que o banco desistisse da ação contra a Parmalat. "O banco se negou. O Sumitomo deve ter entendido que,
com seu crédito de US$ 10 milhões, seria maravilhoso assumir
uma empresa que vale US$ 500
milhões", diz Felsberg.
Nesses contatos, segundo Felsberg, os advogados do Sumitomo
sempre insistiram em que não pediram a intervenção na Parmalat
e que a iniciativa da medida foi do
juiz Abrão. "Mas eles nada fizeram para evitar isso", acrescenta.
Carlos Miguel Aidar, um dos
advogados da Parmalat diz que,
"se o juiz foi além do que o Sumitomo pedia em sua ação, o banco
poderia recorrer". Procurados
ontem no início da noite pela Folha, os advogados do Sumitomo
não foram localizados.
Na semana passada, entretanto,
Luiz Fernando Paiva, um dos advogados do escritório Pinheiro
Neto, já havia declarado que o Sumitomo não requereu a intervenção. Portanto não tem qualquer
responsabilidade por ela.
O juiz Abrão declarou que a responsabilidade é do Estado e
transformou a ação do banco em
uma ação de natureza coletiva.
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