São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

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Previdência privada tem captação recorde em 2007

Setor absorveu R$ 28 bi em dinheiro novo com aumento de renda e emprego

Fundos PGBL, que permitem dedução de 12% da renda, permaneceram estagnados; VGBL, que paga IR só no rendimento, cresceram 30%

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos de previdência privada tiveram no ano passado uma captação recorde de R$ 28,096 bilhões, resultado 22,73% maior do que em 2006, segundo a Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).
Na avaliação do setor, a indústria vive seu melhor momento devido aos ganhos de emprego e de renda do brasileiro, que permitiram uma maior acumulação de poupança, e à adesão de clientes das classes C e D. Para 2008, a previsão é de expansão de pelo menos 15%.
"Percebe-se que a cada ano o brasileiro tem buscado um plano para se preparar para o futuro. [A previdência] tem crescido bastante nas classes mais populares. Estamos chegando às classes mais baixas", disse Marco Rossi, do Bradesco.
Os fundos VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), indicados para quem faz a declaração simplificada do IR ou não declara, cresceram em ritmo mais acelerado, de 30,51% em relação a 2006. Dos R$ 28,096 bilhões captados pelo setor, R$ 20,14 bilhões foram parar nesses fundos.
Já os planos PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), indicados para quem faz a declaração pelo modelo completo, permaneceram estagnados -tiveram captação de R$ 4,556 bilhões, pouco acima dos R$ 4,555 bilhões do ano anterior.
A diferença entre os dois planos é que os valores aplicados no PGBL podem ser deduzidos em até 12% da renda tributável -o que diminui o imposto pago. Por outro lado, deve-se pagar o IR -de 15% para valores entre R$ 1.372,82 e R$ 2.743,25 e de 27,5% acima disso- sobre o total resgatado, o que, em tese, consome boa parte do capital acumulado.
Já o VGBL não diminui a base da renda tributada, o que é irrelevante para quem declara pelo modelo simplificado e tem desconto padrão de 20%. A vantagem é que o imposto de renda só incide no rendimento -e não no total resgatado.
"O PGBL está estagnado. Estamos falando de uma massa restrita de 4 milhões de pessoas. Quando elas querem aplicar mais, vão para o VGBL. A possibilidade de crescimento seria com a adesão de empresas médias e pequenas", disse.
Para Carlos Guerra, do Itaú, o governo poderia dar incentivos para as empresas médias e pequenas aderirem aos planos de previdência privada. "As empresas médias não têm vantagem nenhuma. Enquanto não tiver alteração no modelo, não vai melhorar a captação dos PGBL, que têm um público muito limitado", disse.
Guerra afirma que a crise nos mercados levou a um aumento na captação dos fundos de previdência no final do ano passado. "A crise torna mais atraente investir em longo prazo", disse.
Como um todo, o setor de previdência privada acumulou reservas de R$ 121,179 bilhões no final do ano passado -25% mais do que no ano anterior.


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