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Criação de vagas é recorde para janeiro
Indústria alavanca a criação de mais de 181 mil postos formais; apesar do bom resultado, setor está distante do nível pré-crise
Desempenho da construção civil, que zerou a perda de vagas com a crise mundial, surpreende; serviços geraram 57,9 mil postos de trabalho
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
Impulsionado especialmente pela retomada da indústria, o
mercado de trabalho formal começou 2010 aquecido: foram
criadas, em janeiro, 181.419 vagas com carteira assinada -recorde da série histórica do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), iniciada em 1992.
Na comparação com dezembro, o emprego formal avançou
0,6% em todo o país em janeiro.
O resultado contrastou com o
fraco resultado de janeiro de
2009, quando, em meio à crise,
foram destruídos pouco mais
de 100 mil postos de trabalho.
Agora o cenário é outro, dizem analistas. A produção da
indústria se recupera, empresários e famílias estão mais otimistas para investir e consumir
e o crédito reage.
Todos esses fatores alavancaram as contratações e devem
assegurar um desempenho
também recorde para o mercado de trabalho formalizado em
2010, diz Thaís Marzolla Zara,
da Rosenberg e Associados.
A analista estima a criação
entre 1,5 milhão e 2 milhões de
postos de trabalho com carteira
em 2010. Fábio Romão, da
LCA, projeta a geração de 1,8
milhão de postos de trabalho.
Mais otimista, o ministro do
Trabalho, Carlos Lupi, prevê a
criação de, pelo menos, 2 milhões de empregos formais. Em
2009 foram abertas 995 mil.
"O número de janeiro veio
bastante forte, mas o crescimento deve ser mais moderado
nos próximos meses. O resultado, no entanto, é positivo, e
mostra que a economia está
aquecida", diz Zara.
A economista ressaltou a liderança da indústria, que acelerou o ritmo de contratações.
O setor gerou 69 mil postos de
trabalho com carteira, cifra recorde para o mês de janeiro.
A indústria foi o setor mais
afetado pela crise e abriu apenas 11 mil vagas em 2009. "O resultado da indústria é uma demonstração de que o setor que
estava mais fraco em 2009 se
recuperou", disse Lupi.
Para o ministro, o segmento
também se beneficia da recuperação da economia global
com a reação das exportações
de bens industrializados.
Romão pondera, no entanto,
que a indústria ainda está distante de voltar ao nível de ocupação de antes da crise -quando foram fechadas, no auge da
turbulência, 500 mil vagas entre novembro de 2008 e abril
de 2009. De abril passado em
diante, pouco menos da metade
desses postos foi recomposta.
O setor, porém, já puxa o emprego nas áreas mais industrializadas do país, como São Paulo
e Belo Horizonte, onde foram
geradas 31 mil e 8.800 vagas,
respectivamente.
Mais surpreendente, diz Romão, foi o desempenho da
construção civil, que já zerou as
perdas sofridas com a crise. No
setor, o emprego cresce na esteira do programa Minha Casa,
Minha Vida e da retomada da
confiança da classe média para
ingressar em financiamentos.
Na construção, foram abertos 54,3 mil postos de trabalho
em janeiro, com alta de 2,6%
ante dezembro.
Favorecido pelas férias e o
Carnaval, o setor de serviços
também foi bem e gerou 57,9
mil postos formais.
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