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ANÁLISE
Construção civil e indústria lideram alta
FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Os números relativos à evolução do emprego formal no
país, apurados pelo Ministério
do Trabalho, têm oscilado bastante nos últimos meses. Em
novembro, eles surpreenderam
ao revelar uma aceleração brutal na abertura líquida de vagas
(o saldo entre as admissões e as
demissões).
Em dezembro, eles
foram decepcionantes, pois o
fechamento de vagas foi mais
intenso do que costuma ser no
mês final do ano. Já os números
de janeiro, divulgados ontem,
foram de novo claramente positivos -e sugerem que a retomada das contratações tende
mesmo a sustentar um ritmo
forte nos próximos meses.
A geração líquida de 181 mil
vagas foi muito superior à dos
meses de janeiro entre os anos
de 2001 e 2008 (quando o saldo
positivo médio foi de 85 mil vagas) -sem falar no resultado
muito ruim de janeiro de 2009
(quando, sob o impacto da
grande incerteza gerada pela
crise financeira global, houve
fechamento líquido de quase
102 mil postos de trabalho).
O setor com desempenho
mais destacado foi sem dúvida
o da construção civil. Ele abriu
em janeiro, em termos líquidos,
mais de 54 mil vagas. Foi, de
longe, o resultado mensal mais
forte já registrado pelo setor
(desde que o cadastro do Ministério do Trabalho teve início,
em 1992). O setor foi aquele no
qual o emprego formal teve a
menor desaceleração em 2009
e reforça-se a perspectiva de
que em 2010 suas contratações
líquidas se acelerarão.
O desempenho do emprego
industrial também foi positivo
em janeiro, sobretudo nos segmentos que mais fecharam vagas na virada de 2008 para
2009 (quando as exportações e
os investimentos despencaram): metalurgia, mecânica,
material de transporte e material elétrico e de comunicações.
As contratações nesses segmentos ainda representam, no
entanto, uma recomposição de
quadros, pois seu contingente
de funcionários continua bem
menor do que em outubro de
2008.
Sobretudo (mas não apenas)
devido a esses segmentos, o setor industrial como um todo,
embora tenha acumulado entre
abril de 2009 e janeiro último a
geração líquida de 237 mil vagas, ainda está longe de ter reposto as 507 mil vagas de trabalho formal que fechou entre novembro de 2008 e março do
ano passado.
A confirmação de que o mercado de trabalho segue a se
aquecer aparece numa conjuntura em que vários índices de
preços vêm mostrando resultados relativamente "salgados".
Embora seja ainda incerto até
que ponto esses números piores de inflação se devem a fatores transitórios, é provável que
aumente a pressão para que o
Banco Central inicie logo um
ciclo de aumento da taxa básica
de juros.
FERNANDO SAMPAIO, economista, é sócio-diretor da LCA Consultores.
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