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Ação da Telebrás cai 6% com temor de atuação da CVM
Desde 2008, autarquia investiga se houve especulação com
os papéis da estatal, que já subiram 35.000% em sete anos
Alta das ações da empresa se intensificou com boatos de que ela será reativada pelo governo para atuar em programa de banda larga
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de subirem 35.000%
em sete anos, na esteira de boatos e declarações sem confirmação oficial, as ações da Telebrás caíram ontem 6% na expectativa do mercado de que a
CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) aja para conter a
especulação de investidores
com papéis da companhia.
As ações preferenciais, as
mais negociadas da empresa,
movimentaram mais de 10 mil
negócios. A cotação caiu 6%, e o
lote de mil ações fechou em R$
2,16. Já as ordinárias caíram
4,9%, fechando em R$ 2,11.
A alta dos papéis da companhia desde 2003, assim como a
investigação da CVM para descobrir se há propósito escuso
por trás da especulação, foram
reveladas ontem pela Folha.
A valorização de 35.000%
(incluindo dividendos e remuneração sobre o capital) baseou-se na suposição de que a
Telebrás será reativada na implantação do Plano Nacional de
Banda Larga -um projeto oficial para levar o acesso à internet a 68% dos domicílios brasileiros até 2014. Hoje somente
19% estão conectados.
A Telebrás seria reativada
para ser gestora de uma rede de
fibras óticas pertencente a outras estatais, entre elas a Eletrobrás, na oferta exclusiva de
serviços de banda larga.
Até 1998, a Telebrás era a
holding que agregava todas as
empresas de telecomunicações
do país. Na privatização, seus
ativos foram vendidos e ela se
manteve como uma espécie de
empresa de gaveta.
Apesar de várias declarações
oficiais nesse sentido, principalmente após 2007, nada foi
confirmado até agora.
O clima de euforia em torno
das ações da Telebrás fez o valor de mercado das ações ordinárias da companhia saltar de
R$ 3,4 milhões para R$ 2,6 bilhões (valor equivalente ao empréstimo do BNDES para a formação da BrT-Oi, maior companhia privada brasileira).
Considerando o preço de
mercado total da companhia
(incluindo ações ordinárias e
preferenciais), o valor da Telebrás saltou de R$ 7,6 milhões,
em 31 de dezembro de 2002,
para R$ 3,2 bilhões no dia 8 de
fevereiro passado.
Existem ao menos três investigações da CVM sobre o assunto. Uma delas resultou, em
setembro passado, em uma advertência formal ao atual presidente da estatal, Jorge da Motta e Silva.
Segundo a CVM, Motta e Silva deveria ter feito diligências
junto ao acionista controlador
da Telebrás (o governo federal)
para obter informações sobre a
verdadeira participação da estatal no plano de banda larga.
A mais ampla investigação da
CVM (aberta em 2008, sob número 2.792) está a cargo da Gerência de Processos Sancionadores e inclui fiscais e procuradores do órgão.
A comissão quer saber por
que tantas declarações contraditórias foram feitas, às vezes
pelas mesmas autoridades, sobre o futuro da Telebrás.
A rigor, a última declaração
oficial divulgada, do ministro
Hélio Costa (Comunicações),
no último dia 11, afirma o seguinte: "Não há ainda qualquer
decisão tomada pelo governo
acerca da inclusão da Telebrás
no Plano Nacional de Banda
Larga -PNBL".
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