São Paulo, sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

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Ação da Telebrás cai 6% com temor de atuação da CVM

Desde 2008, autarquia investiga se houve especulação com os papéis da estatal, que já subiram 35.000% em sete anos

Alta das ações da empresa se intensificou com boatos de que ela será reativada pelo governo para atuar em programa de banda larga


DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de subirem 35.000% em sete anos, na esteira de boatos e declarações sem confirmação oficial, as ações da Telebrás caíram ontem 6% na expectativa do mercado de que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) aja para conter a especulação de investidores com papéis da companhia.
As ações preferenciais, as mais negociadas da empresa, movimentaram mais de 10 mil negócios. A cotação caiu 6%, e o lote de mil ações fechou em R$ 2,16. Já as ordinárias caíram 4,9%, fechando em R$ 2,11.
A alta dos papéis da companhia desde 2003, assim como a investigação da CVM para descobrir se há propósito escuso por trás da especulação, foram reveladas ontem pela Folha.
A valorização de 35.000% (incluindo dividendos e remuneração sobre o capital) baseou-se na suposição de que a Telebrás será reativada na implantação do Plano Nacional de Banda Larga -um projeto oficial para levar o acesso à internet a 68% dos domicílios brasileiros até 2014. Hoje somente 19% estão conectados.
A Telebrás seria reativada para ser gestora de uma rede de fibras óticas pertencente a outras estatais, entre elas a Eletrobrás, na oferta exclusiva de serviços de banda larga.
Até 1998, a Telebrás era a holding que agregava todas as empresas de telecomunicações do país. Na privatização, seus ativos foram vendidos e ela se manteve como uma espécie de empresa de gaveta.
Apesar de várias declarações oficiais nesse sentido, principalmente após 2007, nada foi confirmado até agora.
O clima de euforia em torno das ações da Telebrás fez o valor de mercado das ações ordinárias da companhia saltar de R$ 3,4 milhões para R$ 2,6 bilhões (valor equivalente ao empréstimo do BNDES para a formação da BrT-Oi, maior companhia privada brasileira).
Considerando o preço de mercado total da companhia (incluindo ações ordinárias e preferenciais), o valor da Telebrás saltou de R$ 7,6 milhões, em 31 de dezembro de 2002, para R$ 3,2 bilhões no dia 8 de fevereiro passado.
Existem ao menos três investigações da CVM sobre o assunto. Uma delas resultou, em setembro passado, em uma advertência formal ao atual presidente da estatal, Jorge da Motta e Silva.
Segundo a CVM, Motta e Silva deveria ter feito diligências junto ao acionista controlador da Telebrás (o governo federal) para obter informações sobre a verdadeira participação da estatal no plano de banda larga.
A mais ampla investigação da CVM (aberta em 2008, sob número 2.792) está a cargo da Gerência de Processos Sancionadores e inclui fiscais e procuradores do órgão.
A comissão quer saber por que tantas declarações contraditórias foram feitas, às vezes pelas mesmas autoridades, sobre o futuro da Telebrás.
A rigor, a última declaração oficial divulgada, do ministro Hélio Costa (Comunicações), no último dia 11, afirma o seguinte: "Não há ainda qualquer decisão tomada pelo governo acerca da inclusão da Telebrás no Plano Nacional de Banda Larga -PNBL".


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