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ETH adquire a Brenco e cria nova gigante do etanol
Até 2012, empresa do grupo Odebrecht planeja investir R$ 3,5 bi e abrir nove usinas
Expectativa é atingir um faturamento de R$ 4 bi
até 2012; capacidade de moagem será de 40 milhões de tonelada de cana por safra
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
A ETH Bioenergia, empresa
do grupo Odebrecht, anunciou
ontem a aquisição da Brenco,
um dos negócios mais badalados do setor de etanol, criado
em 2007, em tempos de euforia
pré-crise financeira. O negócio
envolve troca de ações. Os acionistas da ETH (Odebrecht e o
grupo japonês Sojitz) ficarão
com 65% da nova empresa, e a
Brenco, com os 35% restantes.
O preço dos ativos para a
conclusão da operação não foi
divulgado. Segundo o presidente da ETH, José Carlos Grubisich, entre os critérios para avaliar os ativos está quanto cada
empresa investiu até agora.
Desde que foi criada, em
2007, a ETH investiu R$ 2,3 bilhões. A Brenco investiu R$ 845
milhões, mas os sócios se comprometeram a aportar mais R$
655 milhões -total de R$ 1,5 bilhão- antes da conclusão da
operação, prevista para abril.
Segundo o presidente da
Brenco, Philippe Reichstul, esse novo aporte está garantido.
"Mas, caso não haja a adesão de
todos os sócios, os três principais -BNDESPar e os fundos
Ashmore e Tarpon- já se comprometeram com o aumento de
capital", disse Reichstul, que
deixa a empresa após a conclusão da operação.
Se todos os sócios da Brenco
aderirem à chamada para aumentar o capital na proporção
de suas atuais participações, o
BNDESPar ficará com 16,6% da
ETH (equivalente a 47% da
participação da Brenco). O fundo Ashmore terá 15,1%, o Tarpon, 2,7%, e os demais minoritários, 0,6%. Se o aporte for
proporcional a essas participações, o banco estatal deverá investir mais de R$ 300 milhões.
Sob a liderança de Grubisich,
a ETH vai investir mais R$ 3,5
bilhões até 2012. Naquele ano,
quando as nove usinas estiverem em operação, a empresa
deverá apresentar um faturamento de R$ 4 bilhões. Os investimentos vão garantir uma
capacidade de moagem de 40
milhões de toneladas de cana
por safra nas nove usinas. Com
isso, a empresa terá capacidade
para produzir 3 bilhões de litros de etanol e gerar 2.700 GW
hora ao ano de energia a partir
da biomassa.
Embora a união de ETH e
Brenco crie uma gigante do setor, a capacidade de produção
de etanol prevista para 2012
equivale à capacidade atual da
Cosan, de 2,9 bilhões de litros,
segundo dados da Bloomberg
New Energy Finance. Na safra
passada (2008/09), a Cosan
-que anunciou no início do
mês uma joint venture com a
Shell- moeu 44,2 milhões de
toneladas de cana. Sem a Brenco, a ETH é hoje a sétima empresa em capacidade de produção de etanol (672 milhões de
litros).
Segundo Grubisich, do total
de investimentos, 40% sairão
de recursos próprios. O restante será levantado em instituições financeiras. "O financiamento não nos preocupa. Temos uma geração de caixa garantida com a venda de energia
e de etanol e podemos securitizar isso", disse o executivo. A
empresa tem plano de abrir capital na Bolsa de Valores, mas
não antes do final do segundo
semestre de 2011.
Concebida para atender aos
mais altos padrões de eficiência
e excelência, com a mecanização total da colheita, a Brenco
foi idealizada pelo empresário
Ricardo Semler e tinha como
sócios fundadores bilionários
como James Wolfensohn (ex-presidente do Banco Mundial),
Steve Case (fundador da AOL)
e Vinod Kohsla (um dos fundadores da Sun Microsystems),
entre outros.
Apesar do time de estrelas, a
crise financeira deixou a empresa com dificuldades de caixa. Como os projetos eram todos novos, a empresa consumia
recursos para a construção das
usinas, mas não gerava caixa.
Relutantes em fazer novos
aportes, os sócios foram atrás
de novos investidores. A empresa chegou a negociar com a
Petrobras, mas acabou assinando com a ETH.
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