São Paulo, sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

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ETH adquire a Brenco e cria nova gigante do etanol

Até 2012, empresa do grupo Odebrecht planeja investir R$ 3,5 bi e abrir nove usinas

Expectativa é atingir um faturamento de R$ 4 bi até 2012; capacidade de moagem será de 40 milhões de tonelada de cana por safra


MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL

A ETH Bioenergia, empresa do grupo Odebrecht, anunciou ontem a aquisição da Brenco, um dos negócios mais badalados do setor de etanol, criado em 2007, em tempos de euforia pré-crise financeira. O negócio envolve troca de ações. Os acionistas da ETH (Odebrecht e o grupo japonês Sojitz) ficarão com 65% da nova empresa, e a Brenco, com os 35% restantes.
O preço dos ativos para a conclusão da operação não foi divulgado. Segundo o presidente da ETH, José Carlos Grubisich, entre os critérios para avaliar os ativos está quanto cada empresa investiu até agora.
Desde que foi criada, em 2007, a ETH investiu R$ 2,3 bilhões. A Brenco investiu R$ 845 milhões, mas os sócios se comprometeram a aportar mais R$ 655 milhões -total de R$ 1,5 bilhão- antes da conclusão da operação, prevista para abril.
Segundo o presidente da Brenco, Philippe Reichstul, esse novo aporte está garantido. "Mas, caso não haja a adesão de todos os sócios, os três principais -BNDESPar e os fundos Ashmore e Tarpon- já se comprometeram com o aumento de capital", disse Reichstul, que deixa a empresa após a conclusão da operação.
Se todos os sócios da Brenco aderirem à chamada para aumentar o capital na proporção de suas atuais participações, o BNDESPar ficará com 16,6% da ETH (equivalente a 47% da participação da Brenco). O fundo Ashmore terá 15,1%, o Tarpon, 2,7%, e os demais minoritários, 0,6%. Se o aporte for proporcional a essas participações, o banco estatal deverá investir mais de R$ 300 milhões.
Sob a liderança de Grubisich, a ETH vai investir mais R$ 3,5 bilhões até 2012. Naquele ano, quando as nove usinas estiverem em operação, a empresa deverá apresentar um faturamento de R$ 4 bilhões. Os investimentos vão garantir uma capacidade de moagem de 40 milhões de toneladas de cana por safra nas nove usinas. Com isso, a empresa terá capacidade para produzir 3 bilhões de litros de etanol e gerar 2.700 GW hora ao ano de energia a partir da biomassa.
Embora a união de ETH e Brenco crie uma gigante do setor, a capacidade de produção de etanol prevista para 2012 equivale à capacidade atual da Cosan, de 2,9 bilhões de litros, segundo dados da Bloomberg New Energy Finance. Na safra passada (2008/09), a Cosan -que anunciou no início do mês uma joint venture com a Shell- moeu 44,2 milhões de toneladas de cana. Sem a Brenco, a ETH é hoje a sétima empresa em capacidade de produção de etanol (672 milhões de litros).
Segundo Grubisich, do total de investimentos, 40% sairão de recursos próprios. O restante será levantado em instituições financeiras. "O financiamento não nos preocupa. Temos uma geração de caixa garantida com a venda de energia e de etanol e podemos securitizar isso", disse o executivo. A empresa tem plano de abrir capital na Bolsa de Valores, mas não antes do final do segundo semestre de 2011.
Concebida para atender aos mais altos padrões de eficiência e excelência, com a mecanização total da colheita, a Brenco foi idealizada pelo empresário Ricardo Semler e tinha como sócios fundadores bilionários como James Wolfensohn (ex-presidente do Banco Mundial), Steve Case (fundador da AOL) e Vinod Kohsla (um dos fundadores da Sun Microsystems), entre outros.
Apesar do time de estrelas, a crise financeira deixou a empresa com dificuldades de caixa. Como os projetos eram todos novos, a empresa consumia recursos para a construção das usinas, mas não gerava caixa.
Relutantes em fazer novos aportes, os sócios foram atrás de novos investidores. A empresa chegou a negociar com a Petrobras, mas acabou assinando com a ETH.


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