São Paulo, segunda-feira, 19 de março de 2007

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Estatal terá 50% do mercado de distribuição

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, a aquisição da Ipiranga por Petrobras, Braskem e grupo Ultra vai resultar numa concentração de mercado na área de derivados de petróleo, que deveria ser analisada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
"Do ponto de vista de distribuição de derivados de petróleo, esse negócio representa uma concentração de mercado, apesar de a Braskem e o grupo Ultra não terem negócios na distribuição de petróleo."
Com a aquisição, a BR e a Ipiranga vão deter no mínimo 50% da distribuição de combustíveis nos postos do país, segundo cálculos de Pires. "Em determinados locais, como na região Sul do país, eles vão deter mais de 50% das vendas nos postos. Isso não é bom para o consumidor", afirma.
O Cade, na sua avaliação, se for constatada a concentração, pode obrigar a Petrobras a vender parte dos postos. "Negócio semelhante aconteceu na Argentina, quando a YPF comprou a EG3. O órgão argentino de defesa da concorrência obrigou que houvesse venda de postos e quem comprou esses estabelecimentos foi a Petrobras."
Em um negócio desse porte, afirma, é fundamental que haja análise pelos órgãos de defesa da concorrência para não prejudicar o consumidor. "A ANP [Agência Nacional de Petróleo] também tem de ficar atenta."
"Se essa venda se efetivar, é uma pena. Lamento ver um grupo nacional do tamanho do grupo Ipiranga desaparecer. Não era de hoje que ouvíamos rumores de que o grupo Ipiranga estava à venda", diz.
José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro, que reúne os postos de gasolina em São Paulo, diz que, se a política de preços da BR não mudar, o consumidor não terá prejuízo.
"O preço da Petrobras é mais político do que baseado na cotação do petróleo no mercado internacional, que é instável. Se continuar assim, tudo bem. Agora, se essa situação mudar com esse negócio, pode ser ruim para o consumidor."


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