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Receita fica R$ 10,5 bi abaixo do previsto pelo governo
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arrecadação de tributos federais já está R$ 10,5 bilhões
abaixo do esperado na última
previsão do Orçamento deste
ano. Só em fevereiro, os impostos recolhidos ficaram R$ 8 bilhões aquém do valor estimado
para o mês.
Em março, os sinais também
são negativos, o que indica uma
intensificação dos efeitos da
crise sobre os tributos. Pela primeira vez no ano, a arrecadação
já começou abaixo do esperado
desde o primeiro dia do mês,
segundo dados preliminares.
Em fevereiro, o recolhimento de tributos administrados
pela Receita Federal ficou em
R$ 45,5 bilhões, ante R$ 47,122
bilhões em igual mês de 2008
(sem correção pela inflação).
No primeiro bimestre, o recuo
foi de R$ 2,2 bilhões.
Com menos dinheiro, já há
na equipe econômica quem defenda a suspensão dos aumentos para o funcionalismo público federal, apesar de o presidente Lula dizer que honrará os
compromissos nesse sentido.
A folha de pagamentos deve
ter uma elevação neste ano de
R$ 22,2 bilhões, devido sobretudo aos reajustes para os servidores do Executivo, uma das
principais bases do PT.
Emendas parlamentares
também devem ser bloqueadas,
principalmente as coletivas, orçadas em R$ 13,3 bilhões.
Segundo técnicos da área
econômica, a queda na arrecadação em fevereiro foi pior do
que se esperava. Já se sabia que
ficaria abaixo do previsto, pois
a estimativa de arrecadação
(R$ 662 bilhões) contida no Orçamento foi feita com base numa expectativa de crescimento
do PIB de 3,5% no ano, já reduzida para 2%.
A Receita trabalha com uma
estimativa diária de arrecadação, usada para compor a previsão mensal incluída no Orçamento. Já os números do efetivo recolhimento de tributos
vêm do Banco Central, que os
recebe dos bancos em que os
impostos são pagos. Até o 12º
dia de janeiro, a arrecadação estava no mesmo nível ou acima
do esperado. Depois começou a
cair e fechou o mês R$ 2 bilhões
aquém da previsão.
Em fevereiro, os quatro primeiros dias estavam positivos
em R$ 25 milhões. No quinto
dia, o sinal inverteu, e o recolhimento efetivo ficou R$ 75 milhões abaixo do Orçamento, para encerrar o mês com uma diferença de R$ 8 bilhões.
Março negativo
Março já começou no negativo. Até o dia 16, dado mais recente, a arrecadação era negativa em R$ 500 milhões em relação à previsão orçamentária,
mas haverá alterações porque
70% da arrecadação está concentrada nos dez últimos dias
do mês, quando se dá o recolhimento de tributos como PIS/
Cofins e Imposto de Renda.
Também contribuiu para a
queda da arrecadação a redução de tributos para estimular o
consumo, como o corte do IPI
sobre automóveis e caminhões,
com perda estimada de R$ 1,05
bilhão no primeiro trimestre.
Como a Folha já publicou, o
governo vai prorrogar a redução, prevista para terminar no
final do mês, por mais três meses, mas quer uma garantia das
empresas de que haverá manutenção do nível de emprego no
setor nesse período.
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