São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

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Fundos de pensão têm pior desempenho no governo Lula

Com desvalorização das ações, rendimento fica quase 15% abaixo da meta em 2008

Governo avalia que, em um cenário de queda de juros, fundos terão de correr mais riscos para recuperar rentabilidade


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os fundos de pensão registraram no ano passado o pior resultado em suas contas desde o início do governo Lula. O rendimento das aplicações feitas por essas entidades ficou quase 15% abaixo da meta de rentabilidade do setor por causa da queda no mercado acionário causada pela crise financeira.
"O ano passado foi realmente ruim para o setor de previdência complementar. Mas, se analisarmos [o desempenho] desde 2003, esse foi um período privilegiado: os fundos acumularam rentabilidade 30% superior à exigência mínima", disse o secretário de Previdência Complementar, Ricardo Pena.
As aplicações totais caíram de R$ 436 bilhões em 2007 para R$ 416 bilhões no ano passado. As ações foram as que mais sofreram, registrando uma perda contábil de R$ 31 bilhões, compensada parcialmente pelos ganhos em outros investimentos. A queda nas Bolsas fez o peso desses investimentos, que representavam 34% do total aplicado pelos fundos em 2007, encolher para 28%.
A Bolsa afetou também o superávit das instituições. Em 2007, o patrimônio acumulado por essas entidades superava em R$ 76 bilhões o valor dos benefícios que deveriam ser pagos. Em 2008, o valor havia se reduzido para R$ 39 bilhões.
No ano passado, 90 dos mais de 1.000 planos de previdência registravam superávit, e 120 tinham déficit de R$ 15 bilhões, que está sendo coberto pelo aumento nas contribuições dos participantes e dos empregadores que patrocinam os planos.
Segundo Pena, os fundos que não alcançaram a rentabilidade de 6% acima da inflação -parâmetro usado pela maior parte do setor- terão dois anos para se recuperarem, pois as análises feitas pelo governo sobre a saúde financeira das instituições têm prazo mínimo de três anos. Conforme a Folha antecipou, 90% dos 372 fundos de previdência estão nessa situação.
Para conseguir se recuperar, essas entidades terão que correr mais riscos. Num cenário de redução de juros, o governo avalia que devem aumentar as aplicações em imóveis, infraestrutura e ações.
"No passado, era confortável [aplicar em títulos públicos]. Tinha retorno alto e risco baixo. Isso mudou. Os fundos vão ter que correr mais risco para se rentabilizar", disse Pena.
O governo se prepara para mudar as metas de retorno exigidas dos fundos. Hoje, o teto é de 6% ao ano. Segundo Pena, esse percentual pode ser reduzido para um máximo de 5%.
A secretaria também quer propor mudanças nas taxas de administração dos fundos. As entidades estatais devem ter o teto de 15% reduzido para cerca de 10% das contribuições dos participantes. Já as entidades privadas terão de estabelecer percentuais máximos.


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