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Collor diz se arrepender do bloqueio da poupança
"Equívoco" foi tentar resolver rápido as coisas, diz
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se o ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mel-lo (PTB-AL) pudesse voltar a
1990, não bloquearia os recursos na poupança, medida que
adotou para conter a inflação.
"Não faria, jamais, um programa econômico que causasse
tanto desassossego como causou", disse ontem, durante entrevista à TV Brasil.
Em tom de penitência, culpou o seu "equívoco" à ânsia de
fazer as coisas se resolverem de
forma rápida, por meio de medidas provisórias, como aconteceu no caso do Plano Collor.
No entanto não classificou sua
providência como confisco, argumentando que isso pressupõe "tomar de alguém e não devolver". "O que houve foi um
bloqueio dos ativos, atingimos
inclusive as contas correntes de
pessoas." Na época, o governo
permitiu o saque, de conta corrente ou poupança, apenas do
equivalente a US$ 1.300 (cerca
de R$ 2.700, hoje).
Dos muitos erros que disse
ter cometido na Presidência,
que acabaram o empurrando
para fora do governo, ele aponta falta de diálogo com a classe
política como o mais grave.
"Não me preocupei muito em
consolidar uma base de sustentação [no Congresso Nacional]", disse o senador, colocando o presidente Lula e sua "base
muito sólida" como contraponto à sua posição. Collor hoje é
presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado-cabe a
ela, por exemplo, fiscalizar as
obras do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
O senador comentou que, ao
assumir a Presidência, apresentou seu programa de governo no Congresso sem tocar na
questão do bloqueio da poupança. Alguns dos aliados pediram que atuasse com menos
medidas provisórias, para que o
Congresso participasse aprovando projetos de lei.
Collor justificou seu pouco
esforço no Congresso dizendo
que acreditava na fidelidade do
Legislativo. "Um presidente
eleito com a força do voto direto teria naturalmente o apoio
da Casa legislativa, que ficaria
no aguardo das medidas, tendendo a apoiá-las."
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