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CRISE NO AR
Anac barra venda da Varig Log para Volo, que tem proposta para comprar a própria Varig, mas diz que pode rever decisão
Decisão de agência complica situação da Varig
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) barrou ontem a
venda da Varig Log para a Volo. A
decisão poderá dificultar ainda
mais a situação da companhia aérea, já que a Varig Log apresentou
proposta para comprar a Varig.
De acordo com a assessoria de
imprensa da Anac, a venda não
foi aceita porque representantes
da Volo e do Aero-LB, consórcio
do qual faz parte a aérea portuguesa TAP e que tinha comprado
a Varig Log ano passado, não pediram autorização à agência reguladora para realizar a transação.
Caso esse pedido seja feito formalmente, será analisado e poderá ou não ser aprovado.
A agência reguladora tratou do
assunto motivada por denúncias
do Snea (Sindicato Nacional das
Empresas Aeroviárias), do qual
fazem parte, entre outras, Varig,
TAM e Gol. Segundo nota da
Anac, o requerimento apresentado pelo sindicato continha "uma
série de denúncias de irregularidades sobre a transação jurídica
entre as empresas".
As denúncias, segundo a agência, tratavam de modificações nos
atos de constituição da Varig Log
sem autorização prévia e transferência de controle acionário sem
anuência da agência.
O presidente da VarigLog, João
Luis Bernes de Sousa, disse ontem
que a decisão da Anac é resultado
de uma lentidão burocrática na
transferência dos processos do
antigo DAC (Departamento de
Aviação Civil) para o novo órgão
regulador do setor.
"Foi para ele [DAC] que nós encaminhamos todo o dossiê. A documentação está rigorosamente
de acordo com o que estipula a
lei", disse, ao informar que o processo de anuência foi encaminhado cerca de duas semanas antes
da formação oficial da Anac.
A agência reguladora afirmou
também que a decisão de ontem
não afeta a venda da Varig Log para o consórcio Aero-LB, ocorrida
no ano passado. Na ocasião, o
consórcio também comprou a
VEM (empresa de manutenção
da Varig). Posteriormente, a Aero-LB vendeu sua participação na
Varig Log para a Volo, constituída no Brasil pelo fundo Matlin
Patterson, dos EUA. A Anac não
comentou como a decisão de ontem pode afetar a proposta de
compra da Varig pela Volo.
Na última quinta-feira, a Volo
havia apresentado nova proposta
de compra da Varig, e a diretoria
da companhia decidiu recomendar a oferta ao Conselho de Administração e aos credores. A expetativa era que a venda fosse concluída até o início de maio.
Na nova oferta, o valor a ser pago pela Varig subiu de US$ 350
milhões para US$ 400 milhões.
Além de aumentar o valor ofertado, a Volo se comprometeu a demitir menos funcionários da Varig: em vez de manter 4.900 trabalhadores, seriam mantidos cerca
de 6.400 dos atuais 9.400.
A Volo havia se comprometido
também a manter, pelos próximos dois anos, um pagamento
mensal ao fundo de pensão dos
trabalhadores da Varig (Aerus). A
primeira proposta da Volo pela
Varig, de US$ 350 milhões, havia
sido duramente contestada pelos
trabalhadores. Apesar das modificações feitas na nova proposta,
sindicalistas avaliam que ela ainda pode ser melhorada.
Na segunda-feira, Leur Lomando, diretor da Anac, já havia avaliado como difícil a aprovação da
venda da Varig Log para a Volo.
Segundo avaliação do diretor, um
dos proprietários da Volo, Marco
Antônio Audi, tinha dívidas com
o INSS em fase de execução. O
empresário informou que já quitou a dívida de R$ 838,8 mil.
Outro problema que poderia
causar o veto da transação pela
agência reguladora seria participação estrangeira em nível superior ao permitido na Volo.
Colaborou a Folha Online
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