São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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TRABALHO

Na tentativa de reduzir informalidade, empresas e trabalhadores oferecerão atendimento para manutenção e reparos

Setor de construção cria central de serviços

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Trabalhadores e empresários da construção civil criaram uma central de serviços para qualificar a mão-de-obra do setor, diminuir a informalidade e oferecer serviços de manutenção e reparos por meio de atendimento telefônico.
Em fase experimental, o projeto já conta com duas equipes de eletricistas e pedreiros que atualmente prestam serviços a condomínios da cidade de São Paulo.
A previsão é entrar em funcionamento pleno em junho (as informações estão sendo dadas pelo telefone do sindicato: 3388-4800).
"Nosso objetivo é treinar os trabalhadores, recuperar sua auto-estima e reverter a imagem de pouca profissionalização no setor", afirma Sérgio Luiz Victor, gerente-geral da área comercial da Votorantim Cimentos.
A empresa, uma das parceiras do projeto, investiu R$ 120 mil para a instalação de um "call center" na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo (Força Sindical) e vai treinar pedreiros em cursos que começam na próxima semana.
No ano passado, a Votorantim informa ter investido R$ 4 milhões no treinamento de 35 mil profissionais em parceria com lojas de material de construção e R$ 1,5 milhão na qualificação de jovens de baixa renda.
Só na cidade de São Paulo o sindicato estima que existam hoje 150 mil operários informais que prestam serviços em residências e condomínios. Com carteira assinada, são 225 mil. Outros 200 mil trabalham sem registro, por meio de empreiteiras e terceirizações.
"Uma das maiores dificuldades é qualificar a mão-de-obra e tirar esse pessoal da informalidade. É preciso que as empresas invistam no trabalhador. Também queremos dar oportunidade aos portadores de deficiência", diz Antonio de Sousa Ramalho, presidente do sindicato. Dados da entidade mostram que 7% dos peões da capital fazem cursos superiores, e 38%, o ensino médio.
Segundo André Nogueira, consultor do projeto, um dos objetivos da central é fazer com que os trabalhadores se tornem autônomos e recolham contribuição previdenciária. "Outra idéia é que possam montar microempresas para prestar serviços. É uma forma de gerar emprego e renda."
Chamado de "Call Center da Cidadania", a central tem apoio ainda da Viapol, fabricante de mantas asfálticas para impermeabilização, da administradora de condomínios Manager e da fábrica de pincéis e ferramentas Atlas, segundo o consultor. A central sindical italiana Uil (Unione Italiana del Lavoro) é parceira do projeto.
A CEF deve montar uma agência no local para financiar empréstimos para os operários adquirirem ferramentas, segundo o sindicato. Em campanha salarial, cerca de 1.700 peões fizeram ontem paralisações de duas horas em quatro obras devido ao impasse nas negociações. Eles pedem aumento real de 12%.


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