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Miguel Jorge também não consegue "ganhar" BNDES
A exemplo de Furlan, novo ministro não conseguiu indicar presidente do banco
Ministro queria Gustavo Murgel, ex-Santander, mas o presidente optou por um nome mais familiarizado com
a cadeia produtiva
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O nome de Luciano Coutinho para comandar o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
foi uma indicação do próprio
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ao ministro Miguel Jorge
(Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior).
A decisão representou um revés para Jorge, que não conseguiu emplacar seu preferido no
lugar de Demian Fiocca: Gustavo Murgel, ex-vice-presidente
do banco Santander.
Jorge não se sente, porém,
derrotado. Confidenciou a amigos ter excelente relação com
Coutinho. Chegou a trabalhar
com ele no período em que ficou na Autolatina (holding que,
por um tempo, controlou a
Ford e a Volkswagen) e contou
com os serviços de consultoria
do economista em sua passagem pelo Santander.
Além disso, considera ter
barrado o lobby do ministro
Guido Mantega (Fazenda) pela
permanência de Fiocca à frente
do BNDES, o que representaria
uma perda completa de autonomia sobre o banco subordinado à sua pasta.
O presidente Lula acabou seguindo a mesma política adotada no primeiro mandato, durante o qual o ex-ministro Luiz
Fernando Furlan não teve liberdade para indicar um nome
de sua confiança para presidir o
banco.
Liberdade que Jorge, logo
após assumir, acreditava ter
obtido de Lula. No dia de sua
posse, ele deu entrevistas sinalizando que não manteria Fiocca e que iria buscar um substituto para seu lugar.
Disputa com a Fazenda
A partir daí, Jorge passou a
enfrentar uma disputa com o
Ministério da Fazenda pelo
controle do BNDES que se arrastou por mais de 15 dias. Ao
final, Lula optou por sua escolha pessoal, mas fez questão de
dar demonstrações de prestígio
ao novo ministro para evitar
que ele saísse desgastado do
episódio.
Foi Jorge quem fez o convite
ao economista na última sexta-feira e quem o levou ontem ao
Palácio do Planalto para uma
audiência com o presidente Lula, quando seu nome foi oficializado.
Na primeira reunião para
discutir o futuro do BNDES,
Jorge citou o nome do ex-deputado federal Delfim Netto
(PMDB-SP). Sabia que o presidente tinha simpatia pela indicação e recebeu aval para sondá-lo. Ouviu, porém, a sugestão
de analisar o nome de Coutinho.
Como Delfim recusou, o ministro levou a Lula o nome de
Murgel. O presidente ficou de
analisá-lo com o de Coutinho
para substituir Fiocca, a quem
já havia decidido tirar do banco.
Na semana passada, Lula
chamou Jorge e disse que gostaria de indicar alguém que entendesse a cadeia produtiva -e
não um nome ligado ao mercado financeiro. Ali, vetava a indicação de Murgel e selava a nomeação de Coutinho.
(VALDO CRUZ)
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