|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
reação
Amorim rebate com ataque aos subsídios
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim,
rebateu ontem as críticas internacionais contra os biocombustíveis atacando os
subsídios agrícolas dos Estados Unidos e da Europa, que
prejudicariam o avanço da
produção de alimentos nos
países mais pobres.
"Realmente, o que prejudica a produção de alimentos
nos países pobres, vamos ser
claros, é a existência de subsídios e barreiras nos países
ricos", disse Amorim, após
assinar acordos com a FAO
(Organização das Nações
Unidas para Agricultura e
Alimentação).
Ao comentar as declarações do diretor-gerente do
FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique
Strauss-Kahn, que apresentou os biocombustíveis como
um problema "moral", Amorim recomendou que tanto o
Fundo quanto o Banco Mundial defendam o fim da ajuda
estatal a agricultores.
"Se o diretor-gerente do
FMI e o presidente do Banco
Mundial quisessem dar uma
recomendação que realmente melhore a produção de alimentos nesses países [pobres], deveriam dizer: olha,
em vez de os Estados Unidos
reduzirem os subsídios para
US$ 14 bilhões, e a Europa,
para US$ 20 bilhões, reduzam a zero", afirmou, em referência à Rodada Doha da
OMC (Organização Mundial
do Comércio).
A lógica do raciocínio de
Amorim é simples: com menos subsídios e barreiras
protecionistas a produtos
agrícolas, os mercados tradicionais acabariam remetendo mais dinheiro para os países em desenvolvimento. Dinheiro para comprar comida, por exemplo.
"Se o FMI puder ajudar
para que países africanos e
países latino-americanos
mais pobres possam produzir biocombustíveis que entrem sem barreiras nos países ricos, estará ajudando a
renda desses países. E é com
renda que obtêm os alimentos", disse o chanceler.
Os biocombustíveis foram
alvos de críticas de outras
instâncias das Nações Unidas. Na segunda-feira, o relator especial da ONU sobre o
Direito à Alimentação qualificou os combustíveis verdes
de "crime contra a humanidade" e pediu moratória na
sua produção mundial.
A partir daí, o governo brasileiro vem tentando esclarecer que o álcool de cana-de-açúcar, por exemplo, não invade outras lavouras. Na
quarta-feira, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva chamou os críticos de "palpiteiros". Disse que, se os combustíveis representam um crime contra a humanidade,
isso ocorre nos Estados Unidos e na Europa.
No Brasil, a cultura de cana-de-açúcar, segundo o presidente, usa apenas 1% das
áreas agricultáveis.
(IURI DANTAS)
Texto Anterior: FMI vê mais conflito por alimento Próximo Texto: Cepal teme aumento da indigência Índice
|