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Setor bancário dos Estados Unidos mostra sinais de recuperação
ERIC DASH
DO "NEW YORK TIMES"
Há apenas três meses, muitos dos maiores bancos dos Estados Unidos sobreviviam com
a ajuda de medidas artificiais.
Agora, alguns mostram vislumbres de recuperação.
Na quinta, o JPMorgan Chase se tornou o terceiro banco a
anunciar lucros no primeiro
trimestre, após o Goldman
Sachs e o Wells Fargo. Os anúncios estimularam a alta nas
ações financeiras iniciada já há
cinco semanas, quando Citigroup e Bank of America sugeriram que o pior pode ter passado. Na sexta, o Citi reportou um
lucro de US$ 1,6 bilhão em seu
balanço do primeiro trimestre.
Os bancos estão desfrutando
de uma nova onda de lucros gerados pelos esforços do governo para reanimar o setor. Juros
baixos atraíram interessados
em empréstimos hipotecários.
As atividades de investimento e de mercado estão em alta
devido ao efeito dos bilhões de
dólares injetados na economia.
E, antes que os resultados de
um novo teste de saúde aos 19
maiores bancos do país sejam
anunciados, os que conseguiram se recuperar estão tentando se libertar do dinheiro do
governo o mais rápido possível.
Mas esses sinais positivos
não anulam o panorama adverso: milhões de consumidores
continuam a dar calote em hipotecas, empréstimos e cartões
de crédito. Os prejuízos com
empréstimos a empresas começam a se acumular.
A crise nos imóveis residenciais está vazando para o de
imóveis comerciais: na quinta,
a General Growth Properties,
uma das maiores operadoras de
shopping centers dos EUA, pediu concordata em um dos
maiores colapsos do setor.
Prejuízos futuros
Muitos bancos estão se preparando para o próximo período chuvoso, reservando dinheiro para cobrir prejuízos. Instituições regionais e comunitárias de empréstimo, especialmente expostas à inadimplência em empréstimos empresariais e de imóveis comerciais,
preservam dezenas de milhões
de dólares nas reservas; grandes bancos como o JPMorgan
retêm bilhões. "O momento
não é exatamente brilhante",
disse Michael Cavanagh, o vice-presidente de finanças do banco. "Até que os preços das casas
se estabilizem e o desemprego
chegue ao pico, estaremos sob
pressão devido aos prejuízos
em nosso balanço."
Desde que os juros se mantenham baixos e que o governo
continue a oferecer assistência
financeira, os bancos esperam
obter lucros suficientes para
atenuar o baque de pelo menos
alguns desses prejuízos.
Resta saber se a lucratividade
se provará sustentável caso a
recessão se aprofunde.
Alguns especialistas dizem
que os temores de estatização e
quanto à solvência dos bancos
estão recuando. "O que estamos reconhecendo agora é que
eles são capazes de produzir lucros", disse Charles Peabody,
analista de serviços financeiros
na Portales Partners. "O próximo debate é sobre a sustentabilidade desses lucros."
Com bom motivo: o setor
bancário foi beneficiado pelo
relaxamento de algumas regras
contábeis, o que pode resultar
em lucros inflados.
As conclusões do teste oficial
de desgaste dos bancos, que devem ser divulgadas em 4 de
maio, podem ajudar os investidores a identificar os poucos
bancos capazes de gerar lucro
suficiente para absorver seus
prejuízos, caso a economia piore. As conclusões podem ter
pouca semelhança com os resultados dos bancos no primeiro trimestre, porque o teste de
desgaste está considerando
prospectivamente a situação
das instituições, para os próximos dois anos. Já os balancetes
trimestrais são por natureza
retrospectivos.
Funcionários envolvidos
com os testes de desgaste dizem que sua expectativa é que
os resultados demonstrem que
alguns bancos necessitem levantar capital adicional. Um
importante funcionário do governo enfatizou, porém, que esses bancos não precisariam necessariamente de dinheiro novo do governo. Além de recorrer aos investidores privados,
os bancos podem derivar uma
grande fonte de capital da conversão de ações preferenciais
hoje detidas pelo governo em
ações ordinárias, como planeja
o Citigroup. O Tesouro provavelmente vai permitir que os
bancos divulguem os resultados de seus testes individualmente, e os funcionários dizem
esperar que os bancos que necessitam de mais capital anunciem de imediato seus planos
para levantá-lo.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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