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folhainvest
Ouro aposta na crise para recuperar brilho
Corretoras dividem as antigas barras de 250 gramas, customizam ouro para presentes e vendem metal pela internet
Baixa liquidez eleva em até 10% "spreads" e ágios nas transações de pequenos volumes; mercado é uma fração do que foi até 1990
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Corretoras brasileiras de metais apostam no pós-crise para
atualizar as negociações de ouro, que perderam apelo no Brasil depois da inflação e da popularização de aplicações financeiras mais práticas e rentáveis.
O novo apelo do ouro surgiu
com força na classe média americana abalada pela crise. Desde
a quebra do Lehman Brothers
(setembro de 2008), o ouro já
subiu mais de 55%.
No Brasil, a negociação de
ouro é sombra do mercado pujante que se estendeu até o início do governo Collor, em 1990.
A ex-BM&F chegou a negociar
mais de dez toneladas de ouro
por dia (R$ 680 milhões em valores atuais). Hoje, gira menos
de 30 contratos de barras de
250 gramas por dia, cerca de
R$ 500 mil. O resultado da perda de liquidez foi a alta dos
"spreads" [diferença entre cotações de compra e venda] e do
ágio para transações menores.
Para combater a letargia, as
corretoras dividiram as antigas
barras de 250 gramas, avaliadas
em R$ 17 mil cada, em tabletes
de 50 gramas e 10 gramas.
Quanto menor o pedaço, maior
o "spread": vão de 2% a 10%.
As barras são padronizadas,
certificadas e lacradas. Na
maioria das vezes, o investidor
nem vê o ouro; ele o mantém no
banco, disponível para venda.
A Ourominas, uma das porta-vozes do novo ouro, decidiu
fundir minitabletes de 1 grama
no formato de cartão de crédito. Também customizou o ouro
para ser dado como presente
em ocasiões como nascimento,
casamento, ingresso na universidade etc. A corretora fez até
uma parceria com o Corinthians. As vendas são feitas pela
internet e pagas por boleto.
"As pessoas tinham resistência em comprar ouro. É um investimento muito burocrático,
vem com lacre, certificado... Fizemos cartões com certificado
de garantia. As pessoas não
guardam dólar em casa? É a
mesma coisa", diz Juarez de
Oliveira, diretor da Ourominas.
Na corretora Parmetal, metade dos clientes são investidores pessoa física, que utilizam a
internet. "O ouro que eu negocio é investimento. Hoje, é incomum pessoas de menos de
40 anos comprarem ouro. Se
permanecer esse momento de
turbulência, vai aumentar a
procura pelo ouro", disse Arthur Melo, da Parmetal.
Especialistas em metais preciosos como o americano Michael Maloney, autor de "Como
Investir em Metais Preciosos"
(ed. Elsevier), afirmam que o
atual ciclo de valorização do
ouro está no início. A tese é que,
diante da desvalorização do dólar americano, o mundo -leia-se a China- terá de preservar
seu poder de compra literalmente "estocando" commodities como ouro, petróleo, alimentos, matérias-primas etc.
Segundo a consultoria Economática, o ouro hoje está mais
barato do que nos anos 80 se
descontada a inflação. "O ouro
anda bem no caos. É reserva
cambial em qualquer local do
mundo", disse Amyra El-Khalili, ex-operadora que negociava
mais de duas toneladas de ouro
por dia na antiga BM&F.
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