São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2010

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Bovespa "patina" e sobe só 0,15% no ano

Valorização acumulada em dólar afasta Bolsa brasileira da maioria dos emergentes; em 2009, ganho havia sido de 147%

Desempenho mais fraco da Bovespa se explica, em certa parte, pelo fato de estrangeiros reduzirem ritmo de compra de ações

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após ser o destaque de 2009, liderando as altas pelo mundo, a Bolsa de Valores de São Paulo está sem o mesmo ímpeto neste ano. Com alta acumulada de apenas 0,15% em dólares no ano, a Bolsa tem exigido paciência dos investidores.
Na semana passada, a expectativa era a de que o mercado brasileiro ganhasse fôlego e alcançasse uma nova marca histórica. Porém, diante da piora no cenário externo, o que se viu foram novas perdas.
Nos mercados emergentes, a maioria está com resultados mais fortes que o da Bovespa no ano. A Rússia é o principal destaque, com alta acumulada de 17,21%. Logo atrás aparecem as Bolsas do México, com apreciação de 11,52%, do Peru, com 11,25%, da Turquia (10,82%) e da Índia (5,72%).
"Entendo as quedas recentes da Bolsa mais como uma forma de o mercado respirar e se preparar para outra onda altista. Acho que é até normal, não estou pessimista, pois vejo as quedas recentes como algo pontual", diz Raphael Figueiredo, analista da MyCAP -home broker da corretora ICAP Brasil. "Trabalho com o Ibovespa a 84 mil pontos no fim do ano."
O Ibovespa atingiu sua máxima de 2010 no último dia 8, ao alcançar 71.784 pontos. Mas, na sexta, encerrou a 69.421 pontos. A pontuação recorde da Bolsa são os 73.516 pontos registrados em maio de 2008.
Parte da perda de força da Bolsa brasileira está relacionada à desaceleração das compras pelos estrangeiros. O saldo das operações da categoria neste mês, que chegou a superar R$ 1,3 bilhão nos primeiros dez dias, havia recuado para R$ 574,5 milhões no dia 14. No ano, os estrangeiros mais compraram que venderam ações na Bovespa em um montante de R$ 371 milhões. Em 2009, foram R$ 20,59 bilhões líquidos.
Nos mercados desenvolvidos, há duas realidades neste momento. Nos EUA, a Bolsa eletrônica Nasdaq acumula valorização anual de 9,35%, e o Dow Jones já subiu 5,66%. O mesmo ocorre com Tóquio, onde o índice acionário Nikkei registra alta de 6,58% em dólares.
Na outra ponta está a Europa. A Bolsa de Londres escapou do vermelho, mas está com alta tímida, de 1,18%, no ano. Já Frankfurt, por exemplo, sofre com baixa de 2,26%. A Bolsa da Itália tem perdas de 6,20% em dólares. E a da Grécia, pivô das mais recentes turbulências do mercado, acumula expressiva depreciação de 14,41%.
O fato de o Ibovespa -principal índice do mercado local- ter acumulado alta de 147% em dólares em 2009 ajuda a explicar o porquê deste ano estar sendo menos animador.
"Outras Bolsas tiveram resultados muito inferiores ao da Bovespa em 2009. Agora estão recuperando, correndo atrás", afirmou Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora.

Altas e baixas
As ações mais negociadas no mercado brasileiro estão com resultados bastante diversos em 2010. De um lado, a Petrobras está no vermelho: suas ações preferenciais registram queda de 10,19% no ano. Já a outra gigante da Bolsa, a Vale, computa valorização anual de 20,83% (PNA).
Outro destaque de baixa é o papel ON da BM&FBovespa, que tem depreciação de 4,78% no ano. Ainda nos destaques negativos, aparece Bradesco PN, com queda de 3,06%.
Ao lado de Vale, outras ações do segmento de siderurgia e mineração se destacam: MMX Mineração tem alta de 35,63%; CSN ON registra valorização de 22,5%; e Usiminas PNA computa alta de 35,63%.


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