São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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Conflitos no Oriente Médio inflam cotação

DA REDAÇÃO

Até o começo de 1999, graças a uma combinação de petróleo barato no mercado internacional e dólar barato no Brasil, era possível encher o tanque do carro pagando R$ 0,50 por litro de gasolina. Ter carro a álcool não compensava, era loucura.
Desde então, o dólar disparou, e a Petrobras passou a reajustar preços ao sabor das cotações internacionais. Com o barril valendo em torno de US$ 27 e o dólar a US$ 2,50, há postos que chegam a cobrar R$ 2 pelo litro de gasolina, o dobro do preço do álcool.
Na última sexta-feira, nem mesmo a notícia de que a Rússia, segundo exportador mundial, vai abandonar restrições na produção conseguiu segurar as cotações, pressionadas pela tensão no Oriente Médio. Em Nova York, o barril fechou em alta, a US$ 28,18.
Mais que exceção, o atual preço do petróleo está perfeitamente dentro da margem estipulada pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Os 11 membros do cartel detêm 77% das reservas conhecidas, e, embora tenham perdido espaço para outros fornecedores, continuam a exercer grande influência.
A Opep, que produz 40% do petróleo consumido no planeta, trabalha com uma oscilação entre US$ 22 e US$ 28, levando em conta uma cesta com sete diferentes tipos de petróleo. Na semana passada, o barril médio valia cerca de US$ 25, o que significa que o cartel não terá pressa em rever seus níveis de produção.
No final do ano passado, por conta da retração econômica mundial, as cotações mergulharam abaixo de US$ 20, mesmo com a Opep cortando seu fornecimento diário em 1,5 milhão de barris. O fator que reverteu a tendência de petróleo barato foi a ocupação de territórios palestinos por Israel. Os mercados começaram a trabalhar com um ágio de guerra de cerca de US$ 5.
Agora a economia mundial se reaquece, o que amplia a demanda por petróleo, combustível primeiro do mundo industrializado. Sem uma trégua à vista no Oriente Médio, o barril não voltará a ficar abaixo de US$ 20 tão cedo.
(GIULIANO GUANDALINI)


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